Nos primeiros minutos de 2018, o fotógrafo Lucas Landau registrou a imagem de um garoto sem camisa e no mar, deslumbrado com a queima de fogos no Réveillon da praia de Copacabana, no Rio e viu sua vida mudar depois que a imagem ganhou o mundo e gerou debates acalorados que envolviam diversos temas.
Pelo Facebook, o autor da foto confirmou que conseguiu encontrar com o garoto e sua família e fez seu relato.
Confira:
“Fotografo profissionalmente há 12 anos; publico fotos na internet desde 2005. Mas mesmo com anos ou mesmo décadas de experiência, nenhum fotógrafo consegue prever que uma imagem vai viralizar. Jamais adivinharia que uma saída (como falamos no jargão do fotojornalismo) para cobrir fogos de artifício fosse gerar tamanha repercussão.
Fui contratado, e pago, obviamente, para documentar os fogos da festa de réveillon em Copacabana. Nos 17 minutos que tive para compor essa história, aconteceu de encontrar uma criança deslumbrada, assistindo ao espetáculo. A pureza dos seus gestos e o encantamento no seu olhar me tocaram.
Sou contador de histórias, por isso, busco criar vínculos com todos os personagens que cruzam o meu caminho. Acredito que apenas com esses laços, com essa troca, é possível documentar a vida de outro ser humano (como tento aprender com as obras de Ed Kashi, Ron Haviv e Lynsey Addario, entre outros).
No entanto, em 17 minutos, infelizmente, não foi possível criar vínculos com todos os personagens — somou-se a isso o fato de que, encerrado o show pirotécnico, eu deveria voltar para casa o mais depressa possível para transmitir o material para a agência, afinal, eu tinha uma encomenda fotográfica para entregar naquela noite.
A foto de uma criança vidrada nos fogos foi compartilhada, a partir das minhas redes sociais, na tarde do primeiro dia de 2018, em uma velocidade assustadora. Fico contente de ver a fotografia cumprindo seu papel enquanto arte: levantando discussões, ensinando, questionando, gerando debates que nos fazem evoluir como sociedade.
Essa é a minha fala: a foto. É assim que me expresso, fotografando. Não acredito ter algo a acrescentar, além do que já contextualizei. Nesse caso em que a fotografia cria vida própria, a opinião do fotógrafo de nada importa. Cada um projeta as suas próprias bagagens quando olha para o menino no réveillon.
O conheci cinco dias depois da nossa vida ter mudado. Conheci também sua mãe. Foi um encontro emocionante em que pudemos criar nossos vínculos, finalmente. Escolhemos manter esse momento privado, assim como a nossa relação. Pedimos que as pessoas e a imprensa compreendam e nos respeitem.
Agradeço imensamente por todas as mensagens carinhosas que recebi. E agradeço às críticas pois me fazem refletir e me ensinam constantemente. Um 2018 de muitos aprendizados e de muita arte que gere debate. Estamos só começando!”
0 Comentários