O ex-integrante da banda Polegar Denis Schlang Alves atualmente é delegado em Santa Catarina. Ele entrou na segunda formação da banda, quando tinha 16 anos, e ficou até completar 21. Depois da fama, o contrabaixista e vocalista se formou em Direito e antes de prestar concurso para a Polícia Civil ainda atuou como advogado e como oficial da Marinha. No início de março, ele assumiu como delegado em Concórdia, no Oeste catarinense, e logo a história do ex-polegar se tornou assunto na cidade.
Aos 37 anos, Denis lembra com saudade da banda. Segundo ele, a música o acompanha desde criança. A mãe tocava piano e acordeão, e aos 12 anos ele começou a fazer aulas de guitarra. Foi nesta época que o irmão, Alan, foi convidado para fazer parte da primeira formação do Polegar. “O tempo passou e quatro anos depois, quando o Rafael saiu, meu irmão me convidou para o grupo. Era o caçula, mas aceitei na hora”, disse ele, que cantou sucessos como ‘Quero mais’, ‘Baby me leva’, ‘Gosto de Tudo’ e ‘Eu o seu olhar’.
O sucesso da banda
Segundo o delegado, na época a banda chegava a fazer cinco shows por semana. Lembra do assédio das fãs e de como, aos poucos, deixou a timidez de lado e começou a apreciar multidões. “Nosso público era praticamente formado por mulheres. Elas jogavam sutiãs, cantavam todas as músicas. Às vezes chegávamos no hotel e saia uma do guarda-roupa, outra debaixo da cama”, ri ele, ao lembrar da cena.
“Na época, era muito tímido, mas comecei a gostar de falar em público. Atualmente concilio a atividade de delegado com a de professor universitário, que é a forma como consigo achar ‘outro palco’, falar, mesmo que seja para um grupo menor”, argumenta.
Carreira como delegado
O sucesso durou até 1999, quando ele já cursava Direito. Foi quando percebeu que ouvir a mãe foi uma ótima ideia. “Ela dizia: filho, pode tocar, pode fazer parte da banda, mas vai estudar também”, conta. Alguns anos depois, os shows começaram a diminuir e a venda de discos caiu. “Os garotos começaram a se formar, casar, ter família. Precisavam de uma renda fixa, porque as contas não esperam. Foi um processo natural, até que um dia a banda acabou”, lembra ele, feliz por ter ouvido o conselho da mãe.
De acordo com Denis, o irmão, Alan, se formou em medicina. Alex seguiu a carreira musical e montou um estúdio e Ricardo abriu um restaurante. Marcelo, com quem ele mantém mais contato além do irmão, também é advogado.
Ele conta ainda que sempre que podia escolhia Santa Catarina para passar as férias, principalmente, Florianópolis e Balneário Camboriú. Foi assim que escolheu em qual estado iria prestar o concurso. “Depois que passei no exame da OAB, advoguei um ano em Salvador, com meu pai. Depois, prestei um concurso para oficial da Marinha, como assessor jurídico. Fiquei quatro no Rio de Janeiro e dois em São Paulo. Porém, quando teria que voltar para o Rio de Janeiro, decidi juntar o últil ao agradável: sou apaixonado por Direito Penal e por Santa Catarina”, disse, justificando a escolha da profissão e do local. Além disso, após passar quase toda a vida em São Paulo, optei por morar em uma cidade menor.
No estado, passou pelas comarcas de Rio do Campo, Presidente Getúlio, Rio do Oeste e, desde o início de março, Concórdia, onde assumiu a Delegacia de Proteção à Mulher, Criança e Idoso. “É a primeira vez que atuo em uma delegacia especializada. Nas outras cidades, que tinham no máximo 15 mil habitantes, eu era o único delegado da cidade, então atuava com todos os tipos de crimes. Vi nessa oportunidade um jeito de ter mais contato com o público, de me sentir útil para ajudar, conversar e resolver problemas diferentes dos quais estava acostumado”, disse.
Da fama, restaram alguns fãs, que sempre aparecem. “De vez em quando surge alguém na delegacia para registrar um boletim de ocorrência e diz: ‘ei, eu te conheço de algum lugar’. Às vezes, acham que me viram na cidade. Outros já dizem: você não era do Menudo? Do Dominó? Fazia aquela dancinha? Confundem as bandas. Só rio e digo: ‘Não, eu era do Polegar, mas a gente não fazia dancinha”, conta.
Da banda, restaram os amigos. “Tenho mais contato com o Marcelo e com o meu irmão. Mas já fizemos reencontros. Um é padrinho do filho do outro, é amigo. Só eu não sou casado, mas cada um tem a sua vida e, sempre que possível, mantemos contato”.
Da música, restou o violão e os encontros com amigos, onde canta por diversão. Porém, não hesita em dizer que, se pudesse, voltaria a cantar com o Polegar. “Costumo falar, música está na veia. Mas o Alan não pode largar o plantão. Eu não posso dizer: estou indo fazer shows, volto daqui a dois meses. Mas se tivesse uma máquina do tempo, voltaria para aquela época. Mas, nunca digo nunca. Quem sabe um dia, quando me aposentar. Quem sabe o Polegar não volta?”, sonha ele.
Fonte: G1
0 Comentários