A histórica Marechal Deodoro foi a primeira capital de Alagoas, quando o estado ainda era uma capitania da Coroa Portuguesa, no fim do período colonial. A 30 km de Maceió, a cidade recebeu o nome do proclamador da República e primeiro presidente do Brasil, o alagoano marechal Manuel Deodoro da Fonseca.
As opções para os visitantes vão desde a arquitetura dos casarios, a imponência das igrejas e o acervo de arte sacra, até as belezas naturais da Praia do Francês e das lagoas Mundaú e Manguaba, que inspiram o nome do estado. Alagoas é nome de origem indígena, que significa terra alagadiça.
Mas além da importância histórica e das belas paisagens, quem escolhe Marechal Deodoro para um passeio é fisgado mesmo pelo estômago. A culinária é um espetáculo à parte, com pratos feitos à base de peixes e crustáceos diretamente da Lagoa Manguaba.
É da lagoa que muitas pessoas tiram o sustento. José Claudino dos Santos é filho de Benedito Pereira da Silva, mais conhecido como “Bahia”, que deixou um legado na gastronomia da região.
“Tinha um jogador, o meio campista do Bahia, mais ou menos uns 15 anos de idade meu pai tinha, e parecia muito com ele, que se chamava Baioco. Aí com isso, ficou esse nome Bahia, pronto, até hoje, meu pai partiu, mas o nome dele ficou na história. Ele nasceu aqui, ele se criou aqui, e com isso ele sabia de tudo, se você perguntasse de maré, quando ia encher, ele sabia. Que peixe é esse? Sabia. Quais são os meses que têm peixes, siris? Sabia. Meu pai era sábio, ele tinha uma experiência incrível”, lembra Claudino.
LEIA TAMBÉM:
Primeira capital de Alagoas, cidade de Marechal Deodoro é margeada pelas lagoas Mundaú e Manguaba — Foto: Jonathan Lins/G1
O filho de Bahia mantém as receitas criadas há mais de 30 anos pelo pai. Para garantir o produto fresco, os crustáceos são mantidos em um viveiro às margens da lagoa.
“É difícil superar o velho, porque aquele sorriso contagiante, aquela alegria que ele tinha… Eles ficavam agitados aqui, aí ele colocava uns galhos de mangue pra manter eles mais calmos. Como ele falava antes, aqui é meu freezer natural, fazia questão de pegar o baldinho para pegar o siri e mostrar ao freguês”, afirma.
Os siris passam cerca de 4 dias no viveiro e depois são levados aos clientes para que eles escolham qual querem comer. Entre as delícias do cardápio está o siti de coral, um prato tradicionalmente alagoano. O coral são as ovas do siri fêmea, uma especiaria tão boa que atrai gente de outras cidades somente para almoçar em Marechal.
“Adoro coisa da lagoa, gosto muito de comer um sirizinho de coral, camarãozinho, gosto muito”, diz a dentista Micaelle Souto. Quando o assunto é siri de coral, ela recomenda sem hesitar: “Recheadíssimo, muito bom, super fresco, muito recheado”.
Com o siri também são feitos outros pratos igualmente deliciosos, como a fritada feita com carne desfiada do siri, o filé do crustáceo.
A chef Emilene Ferreira explica a diferencial de se trabalhar com siri de coral. “Porque o filé a gente prepara pra fazer a fritada e o siri de coral já é diferenciado, de outra forma, a gente cozinha na água e sal e ele já vai no prato”.
De uma forma ou de outra, a satisfação é garantida a qualquer paladar. “Um sabor indiscutível, delicioso, nunca tinha comido algo parecido”, garante a farmacêutica Thaís Fernanda Costa.
Marechal Deodoro foi a primeira capital de Alagoas — Foto: Aldo Correia/TV Gazeta
0 Comentários