Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos diz ter desenvolvido uma pílula anticoncepcional masculina com 99% de eficácia para evitar a gravidez. Os resultados ainda são iniciais, de testes com camundongos, mas os pesquisadores afirmam que o método contraceptivo estará disponível no mercado em até cinco anos.
Diferentemente da pílula anticoncepcional feminina e de outros métodos contraceptivos destinados às mulheres, a pílula masculina não utiliza hormônios e, em razão disso, não demonstrou efeitos colaterais nos animais que participaram dos testes.
Outros grupos de cientistas já tentaram desenvolver uma pílula masculina à base do hormônio testosterona. O problema é que a abordagem resultou em efeitos colaterais como ganho de peso, depressão e aumento do colesterol ruim (LDL), que é associado a maior risco de doença cardíaca.
A descoberta pode ser um marco na medicina para o controle de natalidade, que até aqui é encarado como uma responsabilidade predominantemente feminina. “Vários estudos mostram que os homens estão interessados em compartilhar a responsabilidade contraceptiva com suas parceiras”, disse o pesquisador Abdullah Al Noman, graduado da Universidade de Minnesota, responsável por apresentar a pesquisa na reunião da American Chemical Society, realizada na quarta-feira (23/3).
Pílula não hormonal – Os pesquisadores explicam que o estudo se concentrou em uma proteína denominada receptor de ácido retinoico (RAR) alfa, importante para a fertilidade masculina.
O ácido retinoico, uma forma oxidada da vitamina A, tem papel importante no crescimento celular, na formação de espermatozoides e no desenvolvimento embrionário, mas precisa interagir com o RAR-alfa para desempenhar essas funções.
Os testes em laboratório mostraram que os camundongos que receberam o medicamento para inibir o receptor se tornaram temporariamente estéreis. Eles recuperaram a fertilidade no intervalo de quatro a seis semanas após a interrupção do uso do contraceptivo.
Os cientistas esperam começar os testes em humanos ainda este ano. A expectativa é que o contraceptivo esteja disponível no mercado em até cinco anos, em 2027. “Estou otimista de que avançaremos rapidamente”, disse a professora Gunda Georg, que integra a pesquisa.
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