Nesta sexta-feira (13), a diretoria regional Distrito Federal da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP-DF) publicou um manifesto público em que defende o cirurgião plástico Sílvio Parreira da Rocha.
Na quarta (11), o G1 mostrou que ao menos cinco mulheres haviam procurado a Polícia Civil para prestar queixa contra ele.
Sílvio é apontado pelas pacientes como autor de supostos erros médicos. Elas citam problemas como corpo deformado, dores e depressão. Nesta sexta, o número de mulheres que denunciaram o médico subiu de cinco para oito (leia mais no fim da reportagem).
Cirurgião plástico é investigado no DF por erros médicos: ‘Corpo deformado, dores e depressão’, dizem pacientes.
No manifesto, a associação apontou que o cirurgião “possui notável qualificação e elevada respeitabilidade científica e ética na comunidade médica” e ressaltou que há riscos em qualquer procedimento cirúrgico, pois os médicos trabalham “com margens de imprevisibilidade sobre a reação do organismo operado”.
Por fim, o órgão alegou que mantém “rígido controle sobre a formação e contínuo aprimoramento de seus membros” e disse confiar na independência e na imparcialidade das investigações da Polícia Civil e do Ministério Público, colocando-se à disposição de colaborar com as apurações.
O texto foi assinado pelo presidente da associação, Lúcio Marques da Silva; a tesoureira, Laudicely de Araújo Costa; e o secretário executivo, César Daher Ceva Faria. A SBCP é composta por cerca de 5.500 cirurgiões plásticos, entre titulares, associados e aspirantes a membros.
Por telefone, o médico disse ao G1 que “todos têm direito de reclamar, assim como têm o direito à defesa”. Ainda assim, ele afirmou que não comentaria o caso. Depois, Rocha não retornou aos contatos da reportagem.
Mais casos
Até esta sexta-feira (13), oito mulheres já haviam denunciado o médico na Polícia Civil. As vítimas têm passado por exames no Instituto Médico Legal (IML), procedimento necessário para o prosseguimento da investigação.
Os casos foram registrados como “falha em cirurgia plástica e erro médico”. Parte das vítimas são defendidas pelos advogados Geraldo Arruda e Thawanna Lopes. A defesa cita os seguintes problemas nos procedimentos.
- Cicatrizes aparentes
- Abdominoplastia que não deu certo
- Mamilos tortos
- Dificuldade em fazer a cirurgia de reparo
- Dores meses após a cirurgia
- Camadas de gordura que não foram retiradas do corpo
O cirurgião atende em uma clínica particular de Taguatinga. Nesta sexta, a TV Globo foi ao local, mas a secretária disse que ele estava de férias.
Ele é registrado no Conselho Regional de Medicina (CRM) e atua na profissão há 32 anos.
Os relatos
Segundo uma das pacientes – que preferiu não se identificar – o médico cobrou R$ 15 mil para fazer uma cirurgia de redução das mamas, em 15 de janeiro. Ela conheceu o profissional a partir de uma indicação nas redes sociais.
A mulher, de 46 anos, também recebeu um implante de silicone e retirou gordura do abdômen. No entanto, segundo ela, “os procedimentos não foram bem sucedidos”.
“A cicatriz ficou grosseira, dá até pra sentir pela roupa. Oito meses depois de tudo isso e ainda tenho que usar cinta e pomadas.”
Insatisfeita com o resultado e se queixando de dores pelo corpo, a paciente voltou a procurar o médico. Em maio passado, ela diz que pagou mais R$ 300 por uma nova cirurgia, dessa vez de correção. “Entrei em pânico, quis morrer, fiquei com raiva e vergonha de mim mesma”, disse.
A paciente afirmou que desenvolveu depressão. À polícia, ela disse que durante o segundo procedimento chegou a levar choques no aparelho usado pelo médico e “gritou de dor”.
Uma outra paciente, de 25 anos, foi operada pelo cirurgião em dezembro. A autônoma afirmou ao G1 que ficou com o “peito deformado e, ainda hoje, sente dores e incômodo na região”.
“Sofri muito abalo psicológico. Tenho vergonha, não tenho como usar roupa decotada ou biquíni porque mostra a cicatriz. Coloquei silicone para minha autoestima melhorar e só piorou.”
Segundo a jovem, o médico falou que, com o tempo, a cicatriz sumiria. “Mas, depois, só ficou me enrolando e ainda queria que eu pagasse mais R$ 5 mil por fora para arrumar meu peito novamente”, disse.
A postura da Associação so deixa a gente mais inseguro qto a qualidade de averiguação, fiscalizacao, conceito e valores que ela prega. Depois dessa nao da pra seguir nenhuma indicacao dessa associação. Lamentável.