O leite materno de mulheres infectadas com o coronavírus, ou que foram vacinadas, é um veículo transmissor de anticorpos para o bebê – é o que revelam dois estudos científicos feitos na Espanha e com resultados divulgados nesta segunda-feira (14/6).
Não se tratam dos primeiros estudos sobre a imunização conta o vírus Sars-Cov-2 pelo leite materno, tema que vem sendo investigado desde o início da pandemia, inclusive por pesquisadores brasileiros.
No caso das pesquisas espanholas, os estudos integram a iniciativa “MilkCorona”, desenvolvida pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) e pelo Departamento de Pediatria do Hospital Clínico Universitário de Valência, ambos públicos.
No primeiro deles, sobre lactantes infectadas com a Covid-19, foi detectado que “a maioria das amostras apresentou anticorpos específicos contra o vírus, com uma grande variabilidade entre mulheres”.
“Em nenhuma das amostras de leite materno fomos capazes de detectar o RNA do vírus, e encontramos que, na maioria das mulheres infectadas, havia presença de anticorpos, sugerindo que o leite materno é um veículo de transmissão de anticorpos“, afirmou María Carmen Collado, pesquisadora do CSIC.
Por isto, os resultados sustentam a “importância de recomendar o aleitamento materno de forma sistemática em todos os casos em que a mãe tenha pouco, ou nenhum, sintoma”, completou a médica Cecilia Martínez Costa, do serviço de pediatria do Hospital Clínico de Valência.
Lactantes imunizadas
No segundo estudo, foi analisada a presença de anticorpos em 75 mulheres lactantes, imunizadas com três tipos de vacinas: Pfizer (duas doses), Moderna (duas doses) e AstraZeneca (uma dose). Conforme o comunicado do CSIC, o trabalho “mostrou a presença de anticorpos específicos nas amostras”.
Curiosamente, os níveis de anticorpos “variaram de acordo com a vacina recebida”, completa o comunicado, mas sem explicar que versão produziu o maior nível de imunidade.
O estudo estabeleceu ainda que o leite das mulheres vacinadas com uma dose e que sofreram a doença tinha níveis de anticorpos equivalentes aos de mulheres saudáveis com as duas doses.
O objetivo do estudo foi dissipar dúvidas sobre o impacto do vírus na amamentação em mulheres positivas para o vírus Sars-CoV-2. “Há cada vez mais evidências que confirmam o papel relevante do leite materno no fornecimento de imunidade passiva ao gerar e transmitir anticorpos específicos contra o vírus”, dizem os pesquisadores que argumentam que a amamentação deve ser mantida enquanto os sintomas forem poucos ou nenhum.
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