Recentemente a Sociedade Alagoana de Infectologia confirmou à imprensa que já há registros em Alagoas de pessoas que enfrentam a Covid-19 pela segunda vez. Mas cauteloso, o presidente da entidade, o médico Fernando Maia, ainda estuda se os casos se tratam de reinfecção ou se o vírus permanece no corpo e, depois, reaparece. No estado vizinho de Pernambuco, a Secretaria de Estado da Saúde já investiga 10 casos semelhantes.
O caso do bancário alagoano Manoel Mendes ilustra bem o cenário analisado pelos infectologias. Ele testou positivo duas vezes em 5 meses. O TNH1 conversou com Mendes pelo WhatsApp. Ele mora em Maceió e atualmente trabalha numa agência da Caixa Econômica Federal em Barreiros (PE), cidade a cerca de 150 quilômetros da capital alagoana.
Ele conta que em junho, quando trabalhava em regime de home office, fez o teste porque o sogro dele contraiu Covid. “Como tivemos contato com ele, eu e minha esposa fizemos o teste, e deu positivo. Seguimos o protocolo de 14 dias de quarentena, e sem seguida refiz o teste e deu negativo”, explica Mendes.
“Porém, no mês passado, quando mudei para a agência de Barreiros, como eu estava em home office, me pediram para fazer o teste. Quando eu fiz, deu positivo novamente. Curiosamente, as duas vezes que peguei Covid eu estava em home office”, conta, apreensivo com a possibilidade de nunca se estar imune ao virus.
No vídeo abaixo ele conta sua experiência com a Covid-19:
Edição de vídeo/Luciano Aureliano
‘Fiquei sem entender e me veio uma sensação de fraqueza’
Mesmo perto de ingressar na área de saúde – ele está concluindo o curso de odontologia – ele confessa que ‘relaxou’ após ter testado positivo uma primera vez.
“Ter tido a primeira vez criou uma falsa garantia de imunidade. Daí, como somos seres teimosos, eu acabei ‘relaxando’, pois estava crente que não seria reinfectado. Quando recebi o resultado do segundo teste, fiquei sem entender e me veio uma sensação de fraqueza”, conta apreensivo bancário, que tem um filho de apenas 9 meses.
“Quando formos infectatos a primeira vez em junho, o médico nos tranquilizou, e disse que a gente se cuidadasse pois para o bebê não havia muitos riscos. Na época ele estava com 4 meses”, conta.
Ter tido a primeira vez criou uma falsa garantia de imunidade. Acabei relaxando
Apesar do ‘Caso Palmeiras’, MS ainda não confirma reinfecção no Brasil
No Brasil, o Ministério da Saúde ainda não confirma casos de reinfecções confirmadas, apesar de relatos como o que envolve integrantes da delegação do Palmeiras. Há duas semanas, o time paulista registrou quatro casos de pessoas que testaram positivo para Covid pela segunda vez, entre elas o meia Gustavo Scarpa e o coordenador científico Daniel Gonçalves.
Ao Globo Esporte, o departamento médico do Palmeiras informou que Gustavo Scarpa e Daniel Gonçalves testaram positivo em julho, mas tiveram sintomas mais leves da doença. Nessa segunda suposta infecção, a doença retornou com sintomas mais pesados, como febre e falta de ar.
Em nota técnica, Ministério da Saúde orienta conduta para casos suspeitos
Apesar de não confirmar a reinfecção no país, no último dia 30 de outubro, o Ministério da Saúde (MS) divulgou a Nota Técnica nº 52/2020-CGPNI/DEIDT/SVS/MS que estabelece orientações preliminares sobre a conduta frente a um caso suspeito de reinfecção da covid-19 no Brasil. O objetivo é identificar os casos suspeitos de reinfecção para proporcionar monitoramento epidemiológico e laboratorial adequados.
Segundo o documento, é considerado caso suspeito de reinfecção o indivíduo com dois resultados positivos de RT-PCR em tempo real para o vírus SARS-CoV-2, com intervalo igual ou superior a 90 dias entre os dois episódios de infecção respiratória, independente da condição clínica observada nos dois episódios.
As fichas de notificação do caso suspeito digitalizadas e o relatório de investigação do caso, deverão ser encaminhados para o e-mail gripe@saude.gov.br, assim como a comunicação e dúvidas a respeito dos casos.
O que é a reinfecção
Segundo os especialistas, reinfecção acontece quando a pessoa se recupera da doença, e tempos depois é novamente infectado. Mas a confirmação depende da comprovação de que o código genético (algo como a impressão digital do vírus) do primeiro vírus é diferente do segundo. Caso contrário, pode-se tratar apenas de restos de material genético do vírus da primeira infecção.
O que se sabe sobre reinfecção até agora
Casos de reinfeção por SARS-CoV-2, embora sejam raros, estão sendo identificados em vários países, inclusive no Brasi. Mas a medicina ainda é reticente para confirmar o diagnóstico, que precisa ainda de mais estudos para que o fenômeno seja de fato comprovado.
No vídeo abaixo, o infectologista Fernando Belíssimo, da Universidade de São Paulo, explica as possíveis causas de reinfeção pelo novo coronavírus. Ele fala, também, sobre o primeiro caso registrado de reinfeção no Brasil. A entrevista foi concedida à equipe COVID19 DivulgAÇÃO Científica, projeto em parceria com a Fiocruz. Assista:
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