E se o vilão da microcefalia não for o zika vírus?
No final de janeiro deste ano, o Ministério Público Federal de Pernambuco recebeu denúncia de que a causa do surto de microcefalia no estado e no país é a vacina tríplice contra sarampo, caxumba e rubéola, aplicada em mulheres grávidas ou em idade fértil, e não a infecção pelo zika vírus.
A denúncia contra o Ministério da Saúde, traz como anexo um estudo minucioso a partir de dados e números do estado de Pernambuco, feito por Plínio Bezerra dos Santos Filho, semana a semana, desde outubro de 2015. Plínio é PHD, Pós-doutor pelas universidades americanas de Harvard, Washington University em St. Louis e North Carolina State University; Doutor pela Washington University em St. Louis; Mestre e Bacharel em Física pela UFPE; Áreas de atuação: Ressonância Magnética, com trabalhos em neurologia, próstata, Física do Estado Sólido, entre outros.
Segundo ele, quatro fatos comprovam sua teoria:
– O pico máximo do número de casos em Pernambuco corresponde a um primeiro trimestre de gestação entre janeiro e abril de 2015 com nascimentos microcefálicos. Isso deve-se à vacinação de mulheres em período fértil contra o sarampo com a vacina tríplice, que contém o virus vivo da rubéola. No Ceará, esta vacinação contra o sarampo em mulheres no período fértil com a vacina tríplice continuou até meados de abril.
– O alarmante número de casos, que começam a aparecer em agosto-outubro de 2015, provoca a compulsoriedade, pelo Ministério da Saúde, de notificação de Microcefalia em todo o país. A obrigatoriedade de notificação pelo Ministério da Saúde aumenta o pico e alarga a curva gráfica em torno do seu máximo.
– A causa que provocou o pico máximo de casos de microcefalia em novembro de 2015, nos dados para Pernambuco, fica rarefeita e é substituída, na atualidade, por um outro fato-causa que embora presente nas notificações iniciais, era pouco evidente. Em novembro de 2014, o Ministério da Saúde inclui a vacinação contra Difteria, Tétano e Pertussis no protocolo pré-natal de gestantes no último trimestre de gestação, a partir do sexto mês de gravidez.
– O pico máximo de casos de Dengue no Estado de Pernambuco é entre 20 de março e 10 de abril de 2015 e isso requereria, por associação, desde que temos o mesmo mosquito vetor, um pico máximo no gráfico de Microcefalia entre final de dezembro e início de janeiro de 2016 e não em novembro de 2015 como tivemos. Isso, por si só, colocaria possíveis efeitos do ZIKV como causador de Microcefalia em importância menor e não como o principal causador da Microcefalia.
Conversei com o físico e pesquisador por telefone.
Ele está convencido de que a vacina tríplice é mesmo a vilã dessa história.
“As chamadas públicas e oficiais para vacinação contra sarampo em Pernambuco, pelo Ministério da Saúde e SUS, foram de 8 de novembro a 31 de dezembro de 2014. Isso foi devido às centenas de casos de sarampo em PE e CE. No Ceará, a vacinação foi estendida até meados de abril de 2015 e inclusive com visitação para vacinação a domicílio. Nas chamadas oficiais, o convite é feito para a vacinação de mulheres em período fértil contra o sarampo. Se a mulher em período fértil engravidar em até 3 meses após a vacinação ou se estiver grávida, no início da gestação e não o souber, os efeitos do Rubella Virus da vacina tríplice são devastadores ao feto e são conhecidos há décadas. Problemas encefálicos, visuais ou cardíacos no feto/recém-nascido podem ser facilmente encontrados na literatura sobre a rubéola. O que atualmente se divulga como sendo ZIKV é facilmente associado à rubéola. E tivemos sim uma grande vacinação com a vacina tríplice em Pernambuco no final de 2014. Segundo o gráfico de Microcefalia para Pernambuco. A microcefalia é então o efeito colateral do componente de rubéola da vacina tríplice para Sarampo, Caxumba e Rubéola. Este erro é grotesco e houve. É preciso, também, ter em mente que o vírus da rubéola provoca, quando não o aborto, a síndrome da rubéola congênita e a microcefalia é apenas uma manifestação da tríade clássica: microcefalia, catarata e surdez”, afirma.
Plínio me informou que mais de 3 mil gestantes contraíram o zika vírus na Colômbia e nenhum dos bebês nasceu com microcefalia. No início de fevereiro, agora, no Equador, há registro de 13 crianças nascidas de mães infectadas pelo zika e que não sofreram má formação, segundo ele.
O Ministério da Saúde, que se negou a conhecer a teoria do pesquisador, criticou a associação entre vacinas e microcefalia e afirmou à imprensa que não há nenhuma evidência científica que comprove a tese do pernambucano.
De fato, não há.
Mas também ignorar pesquisa feita por quem tem currículo sobre o assunto, a essa altura dos acontecimentos na saúde pública brasileira, não ajuda em nada.
O Ministério Público Federal ainda não se manifestou sobre a denúncia.
Até lá, Plínio continua divulgando em seu facebook cada detalhe que o ajuda a confirmar sua análise sobre vacinas, microcefalia e zika vírus.
0 Comentários