O policial estaria colocando seus dois cachorros pit bulls para fazer necessidades fisiológicas no estacionamento de uma empresa. Um funcionário chegou e pediu para que o cidadão retirasse os animais dali para evitar sujeira no local. A reclamação do office boy José Carlos da Silva Santos foi suficiente para que o PM conhecido como Fabioney tivesse se irritado ao ponto de espancar a vítima e causar nela variados tipos de fratura. A denúncia foi feita por José Carlos e a esposa dele, Antônia Adalgiza, à Polícia Civil, à Corregedoria da Polícia Militar e ao Ministério Público Estadual. As três instituições investigam o caso.
“Meu marido chegava para trabalhar, por volta das 06h15 da manhã do dia 02 deste mês, quando avistou o policial e dois cachorros. Os animais estavam urinando no estacionamento e o Carlos apenas pediu para que aquele indivíduo não continuasse ali com os bichos. Mas, ao contrário do que lhe fora pedido, ele colocou o seu órgão genital para fora, também urinou na direção do meu marido e, depois, partiu para cima dele, agredindo-o. O primeiro golpe foi uma gravata. Em seguida veio o espancamento”, contou Maria Adalgiza.
“O Jorge só acordou quando estava no HGE (Hospital Geral do Estado), completamente machucado e sangrando muito. Ele estava com o rosto desfigurado e sem conseguir falar, haja vista que teve fratura de mandíbula e vários dentes quebrados. Também sofreu uma fratura no nariz. Foi terrível o nível de agressão e a gente não entende o porquê de tanta raiva”, lamentou.
Como a família identificou o acusado
José Carlos e Maria Adalgiza tiveram sorte para identificar o acusado da agressão. Segundo Maria, a nora do dono da Torre Equipamentos – empresa onde o office boy trabalha – é casada com um familiar de Fabioney. “O marido dela conversou sobre o fato em casa. O próprio militar contou ao parente que há poucos minutos havia batido numa pessoa e que tinha deixado a vítima em estado grave. Ela ouviu e se calou. Mas, ao chegar à empresa (ela também é funcionária da Torre Equipamentos), ficou sabendo que um colega havia sido espancado e de imediato ligou para o marido para saber se a vítima da agressão do PM era mesmo o seu colega de trabalho. Foi uma coincidência e, graças a esta moça, conseguimos identificar aquele monstro”, afirmou a técnica de enfermagem.
Diante das informações recebidas, a família da vítima conseguiu descobrir que Fabioney está lotado no Batalhão de Polícia de Trânsito e registrou um boletim de ocorrência contra ele no último dia 06, data em que a vítima recebeu alta do hospital. “Fomos à Central de Polícia e registramos a queixa. Também fizemos a denúncia ao delegado Carlos Reis, atual diretor de Polícia Metropolitana, e foi ele quem nos orientou a submeter meu marido ao exame de corpo delito. Assim nós procedemos”, explicou a esposa.
Corregedoria e MPE também apuram a agressão
Na manhã desta segunda-feira (18), o casal foi até à Corregedoria da Polícia Militar. “Fizemos a denúncia formal contra o militar e pedimos providências. Ele tem que ser punido. Queremos que a instituição da qual ele faz parte possa agir com justiça”, cobrou Adalgiza.
De acordo com a assessoria de comunicação da PM, uma sindicância será instaurada para apurar a acusação. Um relator será designado para investigar o caso e terá 30 dias para concluir o procedimento.
O Ministério Público Estadual também vai acompanhar o fato. Segundo a promotora de Justiça Cinthia Calumby, da Promotoria de Controle Externo da Atividade Policial, a vítima e sua esposa estiveram, na tarde desta segunda-feira, relatando ao Ministério Público Estadual o que ocorrera. A autoridade ministerial confirmou que José Carlos está bastante debilitado, tem dificuldades para falar e aparenta ainda estar chocado com a agressão sofrida.
A promotora informou que instaurou procedimento administrativo neste dia 18 e que vai enviar ofícios às Polícias Civil e Militar cobrando informações a respeito das providências já adotadas até o momento.
Enquanto isso, José Carlos e Adalgiza deixaram a residência onde moravam e estão na casa de parentes. “Temos medo do que pode nos acontecer amanhã. Meu marido anda com dificuldade, não fala mais, teve traumas neurológicos e está tendo acompanhamento de um psiquiatra. Não sabemos que tipo de reação pode vir do outro lado. Então, é melhor estarmos em local ignorado. Não quero vê-lo morrer”, declarou a técnica de enfermagem.
Do Gazeta Web
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