O pagamento de uma pensão alimentícia de R$ 100 pode ter motivado a morte da menina Grazielly dos Santos Costa. A informação foi divulgada pela Polícia Civil durante a apresentação de três suspeitos – pai, tio e madrasta da vítima -, na Delegacia Geral, em Manaus, na quinta-feira (25). A polícia também investiga se a morte ocorreu motivada por vingança. O corpo da garota, de 9 anos, foi encontrado em um ramal – estrada vicinal – no município de Autazes.
Gilbervan de Jesus, de 33 anos, Gilmara França de Souza, 31, pai e madrastra da menina, além do tio da criança, Gilbermilson de Jesus, 35, foram presos no dia 24 deste mês e transferidos para Manaus, já que a população da cidade, que fica a 100 km da capital, estava revoltada com o crime.
De acordo com o delegado titular de Autazes, Eleandro Granja Cavalcante Costa, provas e depoimentos que foram colhidos apontam a participação do trio na morte da menina.
Além da hipótese do crime ter relação com dívidas no pagamento de pensão alimentícia, a polícia investiga se o fato da criança ter nascido de uma relação extraconjugal teria sido pretexto para a ação.
“Temos filmagens onde se mostra um carro modelo Siena da mesma cor que o do Gilbervan [pai da vítima] passando em frente ao local onde a menina foi sequestrada, próximo ao colégio onde ela estudava. Temos filmagens desse carro passando pelo ramal AZ 1, que dá acesso ao ramal Tumbira [local onde o corpo foi encontrado], em alta velocidade”, disse o delegado.
Além das filmagens, o delegado informou que há depoimento de uma testemunha que anotou cinco caracteres da placa do Siena, e que viu uma mulher puxando a criança para dentro do veículo.
“Os caracteres anotados coincidem com carro de Gilbervan [pai]. A pessoa também disse que a mulher teria um sinal perto da boca que coincide com o da Gilmara [madrasta da garota]“, informou Costa.
Ainda conforme o delegado, outras testemunhas disseram que flagraram Gilbervan e Gilmara lavando o carro em um período que coincide com o momento da prática do crime.
A delegada adjunta de Autazes, Fernanda Granja Cavalcante Costa, declarou que a prisão temporária do trio ainda pode ser prorrogada por mais 30 dias. “Porém, com a robustez das provas que temos, acredito que concluiremos as investigações em 30 dias”, disse ao G1.
Ainda de acordo com o delegado Eleandro, o trio deverá ficar preso na Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS). Nesta sexta-feira (26) será realizado o reconhecimento de Gilmara por parte de uma das testemunhas.
Presos
O pai de Grazielly declarou que não cometeu o crime e que não faz a “mínima ideia” de quem teria motivos para assassinar a criança. “Eu falo de cabeça erguida que isso não aconteceu. Não fui eu”, afirmou Gilbervan de Jesus.
Na delegacia, a madrasta na menina negou que o pedido de pensão alimentícia a incomodasse. Gilmara disse ainda que no momento em que a criança desapareceu, entre 12h e 13h, estava almoçando na casa da sogra, com a cunhada.
“Nunca tive contato com a criança, nem com os familiares. Então, não sei como sou suspeita principal. Nunca soube de pedido de pensão alimentícia. Estou disposta a fazer o que o delegado quiser, porque eu não tenho culpa, eu sou mãe e tenho uma filha de 10 anos que não pode sair de casa porque vive sendo ameaçada por causa disso [o crime]“, disse a madrasta.
O tio da vítima, Gilbermilson de Jesus Eloi, 35, não falou sobre o crime com a imprensa.
Entenda o caso
O corpo da menina desaparecida no dia 17 de junho foi encontrado dois dias depois no Ramal da Tumbira, situado na Zona Rural da cidade de Autazes.
Segundo a família, Grazielly dos Santos Costa sumiu quando ia para a escola.
De acordo com a Polícia Civil, o corpo da estudante estava em avançado estado de decomposição.
Um laudo preliminar divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) de Manaus apontou que Grazielly teria sido asfixiada.
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