Durante revista de rotina, agentes penitenciários encontraram, na tarde deste domingo (18), 62 latas de cerveja no módulo I do presídio de segurança máxima Baldomero Cavalcanti, em Maceió. A superintendência geral de Administração Penitenciária de Alagoas classificou como ‘surpresa’ o flagrante dos agentes, mas não soube explicar como os detentos tiveram acesso a bebida alcoólica.
De acordo com o superintendente-geral de Administração Penitenciária de Alagoas, coronel Carlos Lunda, os detentos jogaram as latas de cerveja pela janela assim que o grupo tático – responsável pelas inspeções nas celas – entrou no módulo I. O oficial explicou que as latas estavam vazias e garantiu que um procedimento administrativo será aberto para apontar os responsáveis pela entrada do material.
“Não tenho dúvida que houve a participação de servidores nessa ação. Neste momento, não podemos apontar ninguém. Não é possível que 62 latas sejam entregues aos detentos sem ninguém constatar ou suspeitar de algo. Só um procedimento administrativo pode apontar os responsáveis por isso”, explicou o superintendente.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Alagoas (Sindapen/AL), Jarbas Souza, explicou que os agentes penitenciários que trabalham no Baldomero são de cargos comissionados, ou seja, de ‘livre indicação e lotação da direção do Sistema’. O Sindicalista lembrou que há tempo vem alertando sobre a necessidade de realizar concurso público para, desta forma, reforçar a fiscalização e o combate na entrada de produtos ilegais.
Na inspeção deste domingo, segundo o presidente do Sindapen, foram constatadas outras regalias destinadas os detentos, a exemplo de televisões LCD e frigobar. “Enquanto no presídio do Agreste nada pode entrar, aqui na capital pode quase tudo. Basta observar as imagens. É preciso que haja interesse por parte do governo do Estado em mudar essa realidade. Caso contrário, vai ficar pior”, expôs Jarbas, apontando que, na verdade, teriam sido encontradas 180 latas de cerveja.
Em recente relatório, a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, apontou que, apesar de o presídio Baldomero Cavalcanti contar com capacidade para 669, hoje há 762 homens dividindo os módulos da unidade. O texto do relatório aponta também que o presídio feminino Santa Luzia foi construído para abrigar 74 presas, mas atualmente a ocupação é de 181.
O flagrante se repetiu quando a coordenação visitou as demais unidades. Na Casa de Custódia, 477 presos dividem o espaço construído para 240. No Cyridião Durval, há 671 reeducandos, quando sua capacidade é de 390 vagas. O relatório recomendou ao governo de Alagoas mudanças no sentido de assegurar ao detento melhores condições de ressocialização.
Gazeta Web
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