Depois de três anos do assassinato do advogado Marcos André Félix, 40 anos, os réus Álvaro Douglas dos Santos e Elivaldo Francisco da Silva, acusados da autoria material do homicídio serão levados a julgamento nesta quarta-feira, dia 16. O juiz Helestron Silva da Costa está no comando dos trabalhos que acontece no Fórum de Marechal Deodoro.
Outro envolvido e também acusado de participação na morte do advogado, Juarez Tenório da Silva Júnior, não participa do julgamento por estar com problemas de saúde, segundo informações de seu advogado.
Os depoimentos
O promotor Sílvio Azevedo que está na função de acusação destacou que os dois acusados que estão no banco dos réus afirmaram que o casal Janadaris e Sergio Luiz Sfredo acusado de ‘encomendar o crime’ confessou participação no assassinato do advogado, assumindo, portanto, a execução.
“Eles confessaram o homicídio em parte, admitindo que foram, sim, os autores materiais. No entanto, mudaram a motivação e entraram em contradição com relação aos depoimentos dados à Polícia Civil durante o inquérito. Antes, afirmaram ter sido contratados pela empresária Janadaris. Agora, sustentam o argumento de que o acordo foi feito com o Júnior, marido da Janadaris, porque o marido estava com ciúmes da esposa. Isso não nos convenceu”, disse o promotor de Justiça.
O promotor explicou que “não é função do Ministério Público apenas acusar, pode um representante ministerial pedir absolvição do réu se entender que há elementos suficientes para isso. Já defendi muitas pessoas, mas aqui não é o caso. Tenho como provar aos senhores que eles planejaram tudo e foram contratados por Janadaris”, afirmou Azevedo.
Na sequência, chamou de fantasioso os depoimentos dos réus e alegou que “essa estória da carochinha, que hoje tentam passar é querer nos chamar de idiotas. Eles mataram covardemente um homem de bem, um jovem advogado que tinha ideais como todo ser humano” falou o promotor, reafirmando várias vezes que Janadaris é, sem dúvidas, a autora intelectual do crime.
O promotor , em seu discurso relatou que o senhor Marcos também provocava a senhora Janadaris. Eram provocações mútuas, mas a pergunta é se isso seria motivo para contratar dois jovens para tirar a vida de uma pessoa e afirmou que “Janadaris, que também é advogada e ex-agente penitenciaria, manipulou, arquitetou, construiu o crime por desavença com a vítima, por ela ter ganho uma ação na qual ela era defensora da outra parte”.
O caso
O crime ocorreu no dia 14 de março de 2014, na praia do Francês, em Marechal Deodoro. O advogado foi atingido por diversos disparos e morreu dias depois no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, no Tabuleiro do Martins.
De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público, Janadaris e Sergio Luiz Sfredo seriam os autores intelectuais do crime, encomendando a morte do advogado a Álvaro Douglas dos Santos, Juarez Tenorio da Silva Júnior e Elivaldo Francisco da Silva, através do pagamento de R$ 2 mil. O crime teria sido motivado por desentendimentos entre o casal e a vítima.
A inimizade, que teve início em 2010, teria sido resultado de uma disputa judicial referente à ação de despejo da Pousada Lua Cheia. Na ocasião, Marcos era o advogado dos proprietários do imóvel e Janadaris representava os interesses dos inquilinos, que perderam a causa.
Posteriormente, o casal passou a administrar a Pousada Ecos do Mar e foi morar vizinho à vítima. É relatado que o advogado tornou-se alvo de provocações e perseguições, que afetaram o seu cotidiano.
Maria Flávia dos Santos, camareira da pousada Ecos do Mar, de propriedade do casal indiciado, também é acusada por participação no crime.
Em agosto, a Câmara Criminal do Tribunal de Justiça negou habeas corpus a Janadaris e Sergio Sfredo, por entender que a tese de negativa de autoria do crime, apresentada pela defesa, não foi comprovada nos autos, sendo a manutenção da prisão dos acusados necessária para a garantia da ordem pública.
Apesar de ter a liberdade negada, os dois foram transferidos para a sede do Corpo de Bombeiros, com base no Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, que assegura a instalação dos acusados em “sala de Estado Maior” por também serem advogados.
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