A relação de dona Rita com os seus mais de 20 animais de estimação é de muito carinho, cuidado e atenção. A moradora de uma casa simples, na cidade de Boca da Mata, a 72 km de Maceió, oferece comida, banho e toda a proteção para cães e gatos acolhidos após serem encontrados nas ruas, em situação de abandono. Porém, apesar do amor pelos bichos, a idosa de 74 anos não tem mais condições financeiras de continuar cuidando dos pets, e agora procura um novo lar para eles.
Vivendo sozinha numa residência da Rua Dom Pedro II, ela tem uma renda de aproximadamente um salário mínimo e, com contas a pagar todo mês, como milhões de brasileiros, admite que o dinheiro que recebe não está sendo suficiente para suprir as suas necessidades e as dos animais.
O carinho pelos animais já chegou ao extremo de a idosa deixar de se alimentar para dar comida aos bichos de estimação.
“Não quero ver eles sem comida, no meio da rua, levando porrada. Quando falta para eles, quando eu não tenho dinheiro, eu compro fiado. Coloco conta por cima de conta. Eu não aguento ver um bicho morrendo de fome. Eu quero passar fome, já deixei de comer, mas não quero que o meu bicho passe fome”, disse, emocionada.
A idosa cuida dos animais que resgatou das ruas (Foto: Cortesia/Alexandre Carlos)
Como ajudar?
Quem tiver o interesse em adotar algum animal ou indicar um abrigo para eles pode entrar em contato por meio do número de telefone (82) 99804-0952.
Para quem tiver condições de doar mantimentos ou quiser ajudar financeiramente a mulher, pode fazer o depósito na conta da nora dela:
Banco Bradesco
Nome do Titular: Eunice Nogueira da Silva
Agência: 6169
Conta Corrente: 0002865-7
CPF 939.648.204-82
Casa “adaptada” para os pets
O amor dela pelos pets chamou a atenção do vigilante Alexandre Carlos, que trabalha na escola em frente à casa. Sensibilizado com a história, ele acompanhou a idosa durante dias e prometeu ajudá-la a encontrar um lar para os animais. “Todo mundo sabe da situação dela. Na escola que trabalho, quando tem algum trabalho social, ela é contemplada com cesta básica”, contou ao TNH1.
Alexandre relatou que a sala da casa, cômodo mais amplo destinado para receber visitas, se transformou no espaço para o descanso dos animais. Os tapetes e os pedaços de papelão que cobrem o chão servem de cama para os bichos, que se amontoam para escolher o melhor lugar para o cochilo. O sofá cor de rosa, duas cadeiras de plástico velhas, um móvel de madeira, e uma mesinha com a escultura do Padre Cícero, do qual dona Rita é devota, completam o cenário humilde.
Dona Rita cria os animais numa casa humilde em Boca da Mata (Foto: Cortesia/Alexandre Carlos)
“Eu fiz vídeos na casa, para mostrar a realidade dela, mostrei para a minha mãe e ela começou a chorar. Ela também gosta de animais, cria gatos. Mostrei a amigos também. Tento saber quem gostaria de adotar. Espero que dê tudo certo para a dona Rita, e que os animais tenham um novo lar. Agora ela quer ficar com ao menos um cachorrinho, porque ela gosta e é uma companhia, mas essa quantidade que está hoje não tem condições”, ressaltou o vigilante.
Meses atrás, ela acolheu uma cadela prenhe, resultado das aventuras de ‘Pequeno’, seu cão mais peralta, pelas ruas da vizinhança. Oito filhotes chegaram em uma só ninhada. “Eu fiz uma caminha lá nos fundos para os pequenininhos. Eles ficam por lá com a mãe, os outros já correm pelo quintal, pela casa, são mais agitados”, disse. “Tem o Pequeno, a Sarita, o Negão, a Natasha, a Pretinha, e a Negona”, continuou revelando os nomes dos maiores.
Muitos cachorros comem e dormem dentro da casa (Foto: Cortesia/Alexandre Carlos)
Já os gatos dificilmente passam o dia na casa. Segundo ela, os felinos têm uma boa relação com os cachorros e aparecem para comer e dormir. “Eu deixo a comida dos gatos na cozinha e eles já vão certos. A comida dos cachorros eu deixo no canto da sala e nos fundos. Eu não tenho condições de comprar pacote de ração para eles, sirvo o que consigo, hoje foi salame. A situação não é muito boa, não. Pago água, energia, o plano, o terreno do cemitério, também o mercado, que eu compro a feira. Quando eu pago todo mundo, não fico com uma prata de 10 centavos”, lamentou.
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