Chegamos na hora do banho de sol na delegacia regional do litoral norte, em Matriz do Camaragibe. Aqui os presos reclamam da má alimentação, falta de visitas e da ausência da Justiça. É tanta gente que o pátio fica cheio.
Nas 7 celas que deveriam alojar apenas 30 homens, há 72, ficando mais de 10 presos por cela. “Assim fica difícil deslumbrar uma reeducação nessas condições”, diz o juiz da comarca de Matriz do Camaragibe, Yulli Roter Maia.
Em União dos Palmares a situação é ainda pior. São 20 presos por celas. Com isso, 48 pessoas aguardam uma decisão da justiça na carceragem da delegacia, que só deveria abrigar 15 presos.
Na semana passada houve rebelião. Alguns presos foram transferidos para outras delegacias de vez. Outros foram e voltaram. Em um desses motins, os presos quebraram uma grade. Uma parede foi erguida no local, onde passava o ar. Com isso, o calor aumentou e tem gente que está há 9 meses sem ver a luz do sol.
Representantes dos agentes da Polícia Civil consideram a delegacia de União dos Palmares uma bomba relógio. “A qualquer momento isso aqui vai explodir. E infelizmente não será na mão do governador, de juízes ou promotores, mas sim dos policiais, que ainda serão responsabilizados por essa estrutura precária que estamos vendo”, diz o vice-presidente só Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas(Sindpol), Edenilton Gomes.
Em Colônia Leopoldina quem garante a segurança da delegacia é a sorte. Na carceragem estão 16 presos e a delegacia só conta com um agente para cuidar deles. A delegacia funciona de forma improvisada em uma casa. As condições estruturais também são precárias. Apesar de não ter acesso aos presos, pudemos ouvir algumas queixas deles, reclamações bem semelhantes a dos presos das outras delegacias. “Um policial por dia tomando conta de 16 presos em uma delegacia é insuficiente”, relata Edeilton ao expôr a falta de viaturas e armas.
Em Novo Lino, o improviso se repete. Nos fundos da delegacia, existem muitas casas. O local está com 8 presos para apenas 2 agentes. Ao chegar perto das celas dar para sentir um cheiro forte de umidade por causa das infiltrações nas paredes. O calor é grande e as condições de higiene não são adequadas.
“Por ser uma delegacia regional ela recebe as demandas de todas as cidades da região e centraliza todos os problemas. É evidente que ela não possui estrutura adequada para oferecer o serviço necessário”, completa Edeilton Gomes.
Ao serem procurados representantes da segurança pública não quiseram falar sobre o assunto. Já a assessoria de comunicação da Polícia Civil informou que o problema da superlotação será resolvido com a inauguração de um novo presídio que será entregue esse mês no município de Craíbas. Quanto a estrutura das delegacias, foi informado que só há como fazer reformas após a transferência dos presos.
Fonte: G1
0 Comentários