Há quase dois séculos, a cidade histórica de Marechal Deodoro não realizava o rito religioso chamado de Procissão do Fogaréu. Mas é na Semana Santa de 2022, que esta tradição está sendo resgatada pelo Complexo Conventual Santa Maria Madalena. Ela ocorre no final da noite de quinta-feira (14), para a virada da Sexta-Feira da Paixão. Para isso, as luzes das ruas da cidade da Região Metropolitana de Maceió serão apagadas.
“A Procissão do Fogaréu, esquecida há quase duzentos anos, dramatiza a prisão de Nosso Senhor Jesus Cristo, e de acordo com as pesquisas realizadas pela Comissão da Semana Santa, a prisão ocorria na quinta-feira santa após o Sermão do Encontro, às 23h00min, partindo da Igreja Matriz”, explica a Arquidiocese de Maceió.
O resgate dessa tradição, segundo Padre Luciano Duarte, ocorre após pesquisas bibliográficas realizadas pela Comissão da Semana Santa do Complexo Conventual de Marechal Deodoro. As pesquisas em livros e em relatos revelam diversos atos litúrgicos e culturais a partir do século XVII.
“Depois de muito estudo e muita análise, resolvemos resgatar essa tradição que já é conhecida em alguns estados do Brasil, que é a procissão do Fogaréu. Ela recorda, nessa noite de Quinta-Feira Santa, aqueles soldados que saíram para prender Jesus e o entregar para ser julgado e sentenciado. Em Marechal tínhamos essa procissão, entre 180 e 200 anos que não temos essa procissão. Mas, decidimos resgatar”, afirma o padre.
O percurso começa da Igreja Conventual Santa Maria Madalena. Em Seguida, os fiéis seguem ao bairro Vermelho, depois retorna pela Rua 18 do Forte, segue próximo à Prefeitura, onde há o encontro com a imagem de Jesus preso. Neste momento, há o sermão e, em seguida o retorno para a igreja.
A procissão já ocorre em cidades de Goiás e Minas Gerais. Ela é caracterizada pelo som de tambores, luz de velas e homens encapuzados. Tais homens representam os farricocos, a guarda judaica dos sacerdotes.
“Esse ano a Comissão deseja continuar a resgatar essas práticas do culto religioso que outrora fizeram parte do calendário anual da antiga Vila de Alagoas e que reunia pessoas de locais longínquos de toda a província, e movimentava toda a comunidade local em torno do contato com o Sagrado, do Mistério Pascal”, enfatiza a Arquidiocese.
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