O poeta alagoano Jorge de Lima é o homenageado da Flimar – Festa Literária de Marechal Deodoro, que está em sua sexta edição e neste ano acontecerá entre os dias 11 e 15 de novembro, no centro histórico da cidade.
O secretário de cultura do município, Carlito Lima, se mostra bastante entusiasmado com os preparativos de mais uma edição da Flimar. “Este ano o prefeito Cristiano Matheus nos dará condições para fazer ainda melhor que as anteriores”, comemora.
Carlito conta que a escolha do homenageado deste ano, já causou repercussão no meio cultural do Estado e de outras regiões do país, como no eixo Rio-São Paulo. Tanto foi a surpresa positiva, que a Flimar recebeu novos elogios em outra festa literária, a Flip – Festa Literária de Parati. “Quem participou da Flip em Parati, não poupou elogios à escolha do tema Jorge de Lima para a Festa Literária de Marechal. Temos certeza que este teremos um público ainda maior e novamente o nome de nossa cidade será levado de forma positiva à todo país”, completa o secretário.
Porém, Carlito Lima não esquece de destacar a importância do público local. Ele lembra que a Flimarzinha, uma programação feita especialmente pela Secretaria de Educação do município para alunos da rede escolar, tem sido de fundamental importância. Segundo ele, a direção da secretaria de educação e professores, têm aproveitado o evento de forma pedagógica no conteúdo letivo das crianças. “O aproveitamento no aprendizado desses meninos e meninas, é o maior ganho no resultado da Flimar”, concluiu.
VEJA QUEM FOI JORGE MATEUS DE LIMA:
(fonte: Wikipédia)
Era filho de um comerciante rico e mudou-se para Maceió em 1902, com a mãe e os irmãos. Em 1909 foi morar emSalvador onde iniciou os estudos de medicina. Concluiu o curso no Rio de Janeiro em 1914, mas foi como poeta que projetou seu nome. Neste mesmo ano publicou o primeiro livro, XIV Alexandrinos.
Voltou para Maceió em 1915 onde se dedicou à medicina, além da literatura e da política. Quando se mudou de Alagoaspara o Rio, em 1930, montou um consultório na Cinelândia, transformado também em ateliê de pintura e ponto de encontro de intelectuais. Reunia-se lá gente como Murilo Mendes, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Nesse período publicou aproximadamente dez livros, sendo cinco de poesia. Também exerceu o cargo de deputado estadual, de 1918 a 1922. Com a Revolução de 1930 foi levado a radicar-se definitivamente no Rio de Janeiro.
Em 1939 passou a dedicar-se também às artes plásticas, participando de algumas exposições. Em 1952, publicou seu livro mais importante, o épico Invenção de Orfeu. Em 1953, meses antes de morrer, gravou poemas para o Arquivo da Palavra Falada da Biblioteca do Congresso de Washington, nos Estados Unidos.
Entre 1937 e 1945 teve sua candidatura à Academia Brasileira de Letras recusada por seis vezes. Para Ivan Junqueira, a Academia cometeu uma imperdoável injustiça com o autor, cujo trabalho literário foi excepcionalmente bem recebido pela crítica e pelo público. O acadêmico não acredita que o poeta tenha transitado à margem da literatura de seu tempo e, afirma, quando se refere ao maior poema do autor – Invenção de Orfeu, “…até hoje, transcorridos mais de 50 anos de sua publicação, não há poeta brasileiro que dele não se lembre.”
Os textos de Jorge de Lima abrigam uma colossal possibilidade de leituras (a convivência entre a tradição e o novo, o vulgar e o sublime, o regional e o universal) refletem um artista em constante mutação, que experimentou estilos diversos como oparnasiano, o o regional o barroco, o religioso. Na sua multiplicidade, Jorge de Lima pertence a todas as épocas, mesmo se reportando a um tema ou uma situação específica, ao tocar em injustiças sociais que mudaram pouco desde o início da civilização e quando escreve sobre as grandes dúvidas de todos nós, “…da miséria humana, da tentativa de superação de nossas amarras e de nossas limitações.”, explica o poeta e jornalista Claufe Rodrigues, leitor voraz de Jorge de Lima.
Ítalo Moriconi, poeta e professor de literatura brasileira na Uerj, autor, entre outros, de Como e por que ler a poesia brasileira do século XX, ao analisar a obra de Jorge de Lima (contrariamente à Ivan Junqueira quanto a questão de o poeta não ter alcançado fama por conta de sua obra ser, em parte, muitas vezes hermética e comprometida com o catolicismo), não acredita na hipótese de que a questão religiosa tenha atrapalhado a carreira do poeta: “Como poeta religioso Jorge de Lima nunca produziu nada com a qualidade de um Murilo Mendes em “Poesia liberdade”. O lugar canônico de Lima vem dos sonetos, da sua primeira poesia modernista e, sobretudo de Invenção de Orfeu.”.
Moriconi afirma que a maioria dos professores de letras não conhece bem nem Murilo Mendes nem Jorge de Lima e toca num ponto fundamental para a pouca visibilidade do poeta: “…como levar um poeta tão complexo a um currículo básico de graduação? “(…)Quem os conhece, mesmo quando os amam, como é o meu caso, hesitam em substituir um daqueles quatro por esses dois.”, referindo-se aos poetas Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Mário Quintana e João Cabral de Melo Neto.
- XIV Alexandrinos (1914)
- O Mundo do Menino Impossível (1925)
- Poemas (1927)
- Novos Poemas (1929)
- O acendedor de lampiões (1932)
- Tempo e Eternidade (1935)
- A Túnica Inconsútil (1938)
- Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)
- Poemas Negros (1947)
- Livro de Sonetos (1949)
- Obra Poética (1950)
- Invenção de Orfeu (1952)
- Os anjos da noite Bizo (1934)
- Calunga (1935)
- A mulher obscura (1939)
- Guerra dentro do beco (1950
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