Novos detalhes a respeito da atuação fraudulenta da falsa biomédica Grazielly da Silva Barbosa foram divulgados por integrantes da família da modelo brasiliense e influenciadora digital Aline Maria Ferreira (foto em destaque), morta aos 33 anos após reação à aplicação da substância PMMA (polimetilmetacrilato).
Segundo familiares, Grazielly continuava os negócios normalmente, apesar da morte de Aline no dia 2 de julho. A médica ainda estaria em meio a atendimentos com outras pacientes quando foi presa em flagrante pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) na última quarta-feira (3/7).
“Ela [Grazielly] tem que parar. No dia em que a polícia foi lá na clínica dela, ela já tinha pintado e mudado o nome da clínica. E já estava [em atendimento] com outras pessoas. Como ela não vai saber que o que aconteceu com a Aline não vai acontecer com elas [as outras pacientes]?” questiona Elisângela Lima, tia de Aline.
Apurações da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon), da PCGO, apontaram que a clínica da biomédica, a Ame-se, em Goiânia, não possuía alvará sanitário. Os policiais civis acionaram a Vigilância Sanitária de Goiânia, que compareceu ao local e interditou o consultório.
Grazielly Barbosa foi levada para a delegacia após receber voz de prisão em flagrante por crimes contra as relações de consumo.
Confiança quebrada e carimbo falsificado
Durante o programa Encontro, Eva Ferreira, mãe de Aline, revelou detalhes da forma como agiu Grazielly durante os últimos dias da vítima.
Aline já teria feito ao menos cinco outros procedimentos estéticos com a falsa profissional. Ainda segundo a família, a influenciadora não apenas confiava em Grazielly, mas mantinha uma relação de amizade com a criminosa. “A Aline confiou nela, pois já a conhecia. A gente descobriu que ela não era nada do que falou quando tudo isso aconteceu”, revelou.
“Até de manhã, na segunda-feira, ela estava bem. Quando foi entre 12h e 13h, ela falou que estava com febre e ligou para a Grazi. Ela disse que era normal e mandou tomar dipirona. A febre passou. Na quarta-feira, ela começou a sentir uma dor muito forte na barriga. Ela [Grazielly] repetiu que era normal por conta das medicações que a Aline estava tomando e mandou comprar um outro remédio para ‘forrar’ o estômago e evitar a dor. Não passou. Então, ela mandou trocar o antibiótico, mas a dor foi só aumentando”, lembrou Eva.
“No hospital, os exames acusaram uma infecção urinária e outra infecção. Ela pediu a localização do hospital e chegou lá afirmando que nada do que estava acontecendo estava relacionado ao que ela tinha feito com minha filha. Depois, ela saiu, foi até a farmácia e comprou outro remédio, mas não deixamos ela dar nada. No outro hospital, foi constatado que precisaria ir para a UTI. Depois, conseguiram a vaga [na UTI] em outro hospital e a transferiram. E foi parando os rins, o fígado, e o coração apresentou um problema, um inchaço”, revelou a mãe da influenciadora.
Ainda segundo Eva, Grazielly teria tentado receitar ao menos três medicamentos diferentes, entre analgésicos e antibióticos. A falsa profissional, no entanto, não possui nenhuma formação profissional para tal e ainda estaria utilizando um carimbo falso para fazer receitas às pacientes da clínica estética da qual era proprietária.
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Segundo apuração do Metrópoles, o carimbo falso utilizado por Grazielly pertence à médica Eny Cristina Da Cunha Godinho Aires, 53 anos. A profissional possui registro regularizado no Conselho Regional de Medicina do Estado do Goiás (CRMGO) e atua em uma clínica de atendimento pediátrico, psiquiátrico e nutricional na cidade de Campos Belos, Goiás.
Grazielly ainda teria adulterado o número de registro de Eny Cristina, adicionando dois dígitos não existentes, como forma de confundir a fiscalização.
“Falta de Respeito” e Mentiras
Familiares também relembraram que durante a internação de Aline, Grazielly não quis que a família contasse aos médicos que atenderam a paciente sobre o uso de PMMA na intervenção estética. “Quando saíram os exames apontando a infecção de urina, a Grazy quis falar que não era culpa do procedimento, que era coisa do organismo da Aline”, relataram.
Grazielly também ignorava as tentativas de contato família e não foi visitar Aline quando a mesma foi internada. Ainda, a falsa biomédica chegou a enviar pessoas a um dos hospitais em que Aline estava, para tentar descobrir informações sobre o estado de saúde da influenciadora.
“Um dia, chegou um homem ao hospital, dizendo que era pastor e queria fazer uma oração. Depois, a Grazy me mandou mensagem dizendo que era o pai dela. Eu respondi que, se ela quisesse saber da Aline, que fosse [à unidade de saúde] falar com o marido de minha sobrinha”, detalhou uma tia da jovem.
O caso
Parentes da influenciadora contaram que ela teve uma infecção generalizada após aplicação de PMMA nos glúteos. Aline, que somava mais de 50 mil seguidores no Instagram, morreu em um hospital particular da Asa Sul, onde estava internada desde sábado (29/6). Antes, ela havia sido atendida no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
Testemunhas informaram à polícia que a modelo começou a passar mal logo após a intervenção estética feita por Grazielly, no último dia 23. A família da influenciadora detalhou que Aline voltou para casa, no Gama (DF), e começou a sentir febre e dor na barriga. Eles entraram em contato com a clínica, cuja equipe recomendou apenas que a paciente tomasse um remédio para dor de cabeça.
Naquela data, o marido de Aline a levou para um hospital particular, na Asa Norte; posteriormente, para a unidade regional pública da área (Hran), onde a jovem ficou internada por um dia. No sábado (29/6), ela foi transferida para um hospital particular da Asa Sul; três dias depois, não resistiu.
A família de Aline contou que houve aplicação de 30 ml de PMMA em cada glúteo dela. A falsa biomédica chegou a visitar a paciente no Hran, ocasião em que disse não ter aplicado o produto, mas um bioestimulador. Acrescentou, ainda, que Aline poderia ter pegado uma infecção no lençol de casa, versão desmentida pela família da vítima.
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