Receber a notícia de uma gravidez de múltiplos deixa muitos pais sem chão! Camila Felipe Anselmo, 35 anos, vivenciou essa experiência com um toque ainda mais surpreendente: sua gestação de gêmeos foi descoberta após a vasectomia de seu marido, deixando todos na família perplexos.
Antes de descobrir a gravidez de gêmeos, Camila, que mora em Jaguaruna (SC), já tinha quatro filhos: Pedro, 10 anos, Clara, 7, Alice, 6 e Laura, 3. Após o nascimento da quarta filha, a catarinense e o marido, o motorista Natanael Felisbino Teixeira, 32 anos, decidiram que a família já estava completa e, para evitar novas gestações, o pai optou por realizar a vasectomia.
Em entrevista à Crescer, Camila conta que o marido passou pelo procedimento em abril de 2022, porém não seguiu com o acompanhamento médico. Um ano depois, ela começou a desconfiar que estava grávida. “Fiquei arrasada, não queria acreditar! Fui deixando rolar e não contei para ninguém”, lembrou.
Com o passar dos dias, os sintomas de Camila foram piorando. “Fiquei mal tanto psicologica como fisicamente, porque sentia muito enjoo — mais que nas outras gestações”, contou. Com a persistência dos sinais, decidiu fazer o teste, que confirmou a gravidez. “O médico explicou que era muito raro isso acontecer, não imaginávamos que seríamos um desses casos”, relatou a catarinense.
A vasectomia interrompe a circulação dos espermatozoides produzidos pelos testículos. O procedimento é altamente eficaz, com até 99% de sucesso. No entanto, assim como outros métodos contraceptivos, também pode falhar. A esterilização masculina pode demorar de 8 a 12 semanas para fazer efeito e é preciso fazer espermogramas para comprovar que os ductos foram realmente fechados e não há mais capacidade reprodutora.
Da gravidez ao parto traumático
Após o susto inicial, o casal foi se acostumando com a ideia da nova gestação; no entanto, as surpresas não pararam por aí! Durante o pré-natal, em seu primeiro ultrassom com 13 semanas, Camila descobriu que estava grávida de gêmeas. “Chorei muito! Senti uma angústia por ter engravidado sem planejar e estava desesperada, sem saber o que fazer. Passei de quatro para seis filhos”, desabafou.
Apesar das apreensões iniciais, Camila também se sentiu grata pela gravidez. Ela revela que, desde criança, sonhava em ter gêmeos e, por isso, se manteve confiante de que tudo transcorreria da melhor forma possível. Ao longo da gestação, não teve grandes sustos, apenas foi alertada de que a filha Maitê não estava ganhando peso e precisava ser monitorada com atenção.
Quando alcançou a 34ª semana, ao realizar um ultrassom de rotina, a catarinense foi surpreendida com a notícia de que suas bebês precisariam nascer naquele momento, pois a pequena Maitê estava com os batimentos cardíacos alterados. “Foi uma correria de médicos”, a mãe se recorda. “Eles tiraram a Maitê primeiro e eu não escutei o chorinho dela. Só vi os movimentos dos médicos tentando salvar sua vida”.
Maitê teve uma parada cardíaca por cinco minutos, mas foi reanimada pelos médicos. Logo depois, sua irmã Luísa nasceu e ambas foram levadas para a UTI Neonatal. Camila se lembra desse momento com aperto no coração: “Foi muito difícil. Toda mãe espera escutar o chorinho do bebê. Minha vontade era ter as duas juntas no meu colo. Fiquei muito mal”.
A longa jornada de recuperação
A pequena Luísa permaneceu na UTI por três dias, porém, sua irmã precisou ficar mais tempo sob cuidados intensivos. Quando Natanael foi ver a filha Maitê na UTI, foi informado que a pequena poderia ter Síndrome de Down, devido às suas características iniciais.
Em seguida, a bebê foi submetida a um exame no próprio hospital e a família aguardou o resultado por 45 dias. Em meio a esse período, Maitê enfrentou uma intensa luta pela vida. “Não me importei tanto [com o resultado]. Só queria que ela saísse daquela situação, não importava mais nada”, Camila ressaltou.
Inicialmente, a mãe recebeu notícias preocupantes sobre o prognóstico da filha. A pequena precisou de suporte de oxigênio e ainda estava sob o risco constante de ter uma parada cardíaca. “Não consegui dormir, a qualquer momento poderia receber uma notícia ruim”, a mãe contou.
Em caso raro, gêmeas nascem com síndrome de Down
Camila ainda teve que chegar a sua casa sem as duas filhas nos braços, o que foi um momento de muita aflição para a família. “As crianças estavam me esperando chegar com as elas, e cheguei sem nenhuma. Foi extremamente difícil”, ela desabafou. A catarinense chegou a levar os filhos para conhecer as irmãs no hospital, pois tinha medo de que o pior acontecesse e as crianças não conseguissem conhecer as irmãs. No entanto, aos poucos, as pequenas foram se recuperando e as boas notícias aparecendo.
Luísa foi a primeira a ter alta da UTI e a ir para casa. Sua irmã ainda ficou 21 dias sob cuidados intensivos. No entanto, dias depois, a família recebeu a tão esperada notícia de que Maitê foi extubada. Nesse momento, Camila não segurou a emoção: “Chorei muito, porque foi uma vitória. Corri com a Luísa no colo para ver a Maitê; primeiro dia, sem aparelho nenhum”.
Às vésperas de seu aniversário, em dezembro, a mãe recebeu o melhor presente que poderia ganhar: sua filha teve alta e foi para casa. A pequena ainda precisava de uma sonda para se alimentar, mas já estava evoluindo cada vez mais.
Logo em seguida, a família recebeu o exame confirmando a Síndrome de Down. “Eu já estava ciente, porque ela tinha características que dava para identificar a síndrome, mas o susto já tinha passado”, a mãe ressaltou. A catarinense reconhece que precisou mudar sua rotina. Hoje, Maitê, já está com 11 meses, precisa fazer acompanhamento com uma equipe de profissionais e vem se desenvolvendo de acordo com seu tempo.
Embora enfrente desafios diariamente, Camila agradece pela filha não ter tido sequelas, mesmo após a parada cardíaca. A pequena ainda passou por um momento difícil ao ter pneumonia e bronquiolite recentemente, no entanto, superou todas as expectativas médicas, sendo descrita como uma criança risonha e feliz. “Graças a Deus, deu tudo certo e hoje elas vão crescer juntas”, comemora.
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