Um ano após o sequestro de Edvan Moreira e Alexsandro Pereira em Satuba, a família das vítimas não acredita mais que os dois estejam vivos e cobra da Polícia Civil de Alagoas o desfecho das investigações. Os dois homens foram sequestrados por homens encapuzados, no dia 1º de outubro do ano passado, em um condomínio na região Metropolitana de Maceió.
A irmã de Edvan, Valkiria Moreira, conversou com a reportagem da TV Pajuçara, nesta quarta-feira, 2, e afirmou que a família segue à espera de notícias sobre o caso.
“A gente não dorme direito, não come direito, só pedindo uma resposta da Justiça para que encontre eles de qualquer jeito. Pelo menos os ossos, para a família enterrar e a gente acabar com essa agonia, porque parece que eles abriram um buraco e entraram, ninguém nos dá uma resposta. A polícia diz que está investigando, mas até agora nenhuma novidade do caso”, desabafou Valkiria.
Imagens de câmeras de segurança, que ficavam em frente à entrada do condomínio onde o crime aconteceu à época, flagraram a ação dos criminosos. Dois motoristas de veículos brancos aproveitaram o momento em que um morador entrou no condomínio e conseguiram ter acesso ao local. Em seguida, eles foram diretamente à residência de Edvan, que estava no local com a esposa e o amigo Alex. Após serem levados pelos criminosos, os dois amigos nunca mais apareceram.
“(Novidade?) Nenhuma. Eles só disseram que estão investigando. Perguntei se iam encerrar o caso, disseram que não, que estão investigando. Mas até agora não encontraram nada. Disseram que encontraram o carro, mas a placa era fria. Encontraram a placa original que colocaram nos carros que sequestraram eles, mas até agora nada, nenhuma notícia boa. Esperança não temos mais em encontrá-los com vida. Mas ao menos os ossos, para que possamos enterrar, queríamos encontrar. Todo dia pedimos a Deus para termos resposta desse caso deles dois”, lamentou Valkiria.
O que diz a Polícia – Em entrevista ao Fique Alerta, o delegado Sidney Tenório, que comandava a Seção Antissequestro da Diretoria de Repressão ao Crime Organizado e de Combate à Corrupção (Dracco) na ocasião, falou sobre o andamento das investigações.
Veja Também
- Sequestro em Satuba: após quase dois meses, famílias protestam e cobram respostas da polícia
“Esse é um caso que eu comecei a presidir quando ainda estava na seção antissequestro, já que a informação inicial, em que pese desde o início a gente acreditar que na verdade foi um arrebatamento para a prática de homicídio, mas como não havia o corpo, materialidade do crime de homicídio, a gente tratou inicialmente como sequestro. Já deixei a antissequestro há alguns meses, mas como tinham algumas cautelares e pedidos judiciais de quebras em andamento, levei para a minha seção de crimes cibernéticos na condição de delegado especial. Recebemos algumas respostas das operadoras, do Google, sobre quebra de sigilo telemático”.
O delegado Sidney Tenório revelou que trabalha com a hipótese de homicídio provocado por facções.
Mas é um grande mistério, como a própria família fala. O que podemos dizer, que não falávamos antes, é a questão realmente da grande suspeita, que as investigações apontaram, de forma informal, da possível execução deles por parte de integrantes de facções criminosas”.
Com a repercussão do crime a medida em que os dias passaram no ano passado, as autoridades informaram na época que Edvan tinha diversas passagens pela polícia e respondia por homicídio, utilizando, inclusive, tornozeleira eletrônica na ocasião. Já o amigo Alex, que seria taxista, foi preso no ano de 2012, em posse de um arsenal de armas de fogo, divulgou a Polícia Civil em 5 de outubro de 2023.
“Temos a informação, por exemplo, que não consta nos autos, mas passado um ano desse prazo, e nós sem termos a localização dos corpos, tivemos a informação que uma das vítimas guardava, na época, armas de fogo e drogas para uma facção criminosa que tinha domínio naquelas casas da região do Bom Parto. Inclusive, armas de grosso calibre numa casa no Bom Parto. Justamente, a facção teria conhecimento de que estava havendo um certo desvio por parte dessa pessoa, o que fez com que houvesse a determinação por parte dos chefes em Alagoas para que a pessoa fosse executada. No dia, havia uma outra pessoa na casa, que terminou sendo arrebatada também pelos criminosos e é possível que tenha sido assassinada”.
O delegado reconheceu a dificuldade em encontrar até mesmo possíveis restos mortais de vítimas em casos que envolvem facções criminosas.
“Infelizmente é uma cultura hoje cada vez mais forte das facções criminosas em fazer esse tipo de execução, em que o corpo não aparece, quando a pessoa é totalmente carbonizada ou mesmo colocada concretada em alguns casos, ou enterrada em covas rasas e matas. Aqui em Maceió temos várias. O que fizemos e falamos para a família na época é que toda informação que chegava, a gente checava. E vamos continuar checando. É um caso que continua em aberto. As diligências, de formas tecnológicas, tentamos várias pistas. Tentamos rastrear os celulares que foram levados das vítimas no dia, mas nunca chegamos a nenhuma pista. Tentamos ver com as empresas de telefonia o que podia ser feito, na época, com relação aos celulares que estiveram no condomínio. As imagens dos carros eram de placas frias, estivemos com os donos dos carros, que comprovaram que os carros nunca saíram dos locais que eles estavam. É um grande mistério. O que podemos falar para a família é que vamos continuar investigando. Caso haja uma informação nova, vamos procurar”.
0 Comentários