BRASÍLIA – Em depoimento prestado à Polícia Federal nesta quarta-feira, o cantor Sérgio Reis recuou nos ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e negou participar de um movimento antidemocrático com o objetivo de atacar as instituições e realizar um ato violento no próximo dia 7 de setembro.
O cantor foi alvo de busca e apreensão na última sexta-feira a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob suspeita de ser um dos articuladores do ato antidemocrático. Na terça, ele acabou sendo internado em um hospital de São Paulo por ter se sentido mal. O depoimento foi prestado por ele de dentro do hospital, por videoconferência a investigadores da PF em Brasília.
No depoimento, Sérgio Reis lamentou a repercussão de uma gravação na qual ele relatava uma articulação com caminhoneiros para uma manifestação antidemocrática. No áudio, que circulou em redes sociais, o cantor chega a dizer que se o Senado não decidisse sobre o impeachment de ministros do STF eles iriam “invadir, quebrar tudo e tirar os caras na marra”.
Segundo fontes que acompanham a investigação, o cantor recuou no tom e disse à PF que não tinha intenção de fazer ataques aos ministros da Corte. Também negou participação em movimentos com objetivo de realizar um ato violento com ataques às instituições democráticas.
O cantor chegou a citar que conhece pessoalmente o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, e que não tinha o objetivo de insultá-lo. Procurado para comentar, o advogado Marcos Montemor afirmou que não poderia se manifestar, porque a investigação tramita sob sigilo.
Também prestou depoimento na quarta o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) Antonio Galvan. Aos investigadores, ele afirmou que estava apoiando a organização de uma manifestação pacífica e citou que os produtores rurais haviam realizado um ato semelhante em Brasília no dia 15 de maio de apoio ao governo Bolsonaro. Segundo Galvan, nada foi danificado nessa manifestação.
Ele também afirmou não concordar com declarações feitas por bolsonaristas defendendo atos violentos contra os ministros do STF.
O advogado Néri Perin, que representa Galvan, afirmou que o cliente defendeu “os valores da democracia” e se queixou de não ter obtido acesso aos autos da investigação.
— Ele jamais em algum momento patrocinou nada, a não ser os valores da democracia, da liberdade, da independência dos Poderes e do devido processo legal — disse.
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