Em audiência que começou pela manhã e durou mais de quatro horas neste sábado, a Justiça do Paraguai decidiu por manter Ronaldinho Gaúcho e seu irmão, Assis, presos pelo uso de documentos falsos. A ordem de prisão preventiva foi dada pela juíza Clara Ruíz Díaz. Ambos seguirão em reclusão na Agrupación Especializada da Polícia Nacional do Paraguai, em Assunção. A prisão preventiva pode durar até seis meses.
O promotor Osmar Legal pediu a manutenção da prisão preventiva dos brasileiros alegando “risco de fuga e que o Brasil não extradita seus cidadãos”. Por outro lado, a defesa alegou que o empresário Assis tem um problema no coração e precisa de cuidados médicos (não apresentaram exames ou atestados exigidos pela lei paraguaia) e tentou, sem sucesso, transformar o caso em prisão domiciliar.
Ronaldinho Gaúcho passa a noite na cadeia e aguarda decisão da juíza
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Ronaldinho Gaúcho e Assis chegam algemados ao Palácio de Justiça de Assunção — Foto: Norberto DUARTE / AFP
“O juizado considera que estamos contra um fato punível pelo Estado. Há perigo de fuga porque se trata de um estrangeiro que ingressou ao país de forma ilegal. Pediram a prisão domiciliar, mas não apresentaram nenhum documento”, declarou Clara, autora da ordem de prisão.
Ronaldinho e Assis foram presos preventivamente a pedido do MP para impedi-los de deixar o Paraguai (eles haviam comprado passagem de volta para o Brasil para a madrugada deste sábado). Na quinta-feira, o MP havia decidido não abrir processo formal contra eles, mas no dia seguinte o juiz Mirko Valinotti, do Juizado Penal de Garantias de Assunção, não aceitou essa tese e deu 10 dias para a promotoria investigar o caso e dar o parecer definitivo.
Durante a audiência deste sábado, os advogados que defendem Ronaldinho Gaúcho e Assis no Paraguai apresentaram um recurso que contesta essa decisão do juiz Mirko Valinotti, contrária à sugestão inicial do Ministério Público. A Procuradora-Geral do Estados, Sandra Quiñonez, determinou a substituição dos promotores do caso.
Defesa de Ronaldinho e Assis apresenta recurso na Justiça — Foto: Martín Fernandez
Três pessoas já foram acusadas após as investigações iniciais: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, e as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero.
Wilmondes foi acusado por produção de documentos não autênticos, uso de documentos públicos de conteúdo falso e falsidade ideológica. Já María Isabel e Esperanza foram acusadas de uso de documentos públicos com conteúdo falso, e colocadas em prisão domiciliar.
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Wilmondes Sousa Lira no momento da detenção, em Assunção — Foto: Agência EFE
María Isabel Gayoso Esperanza e Apolonia Caballero chegam à Promotoria para depoimento no caso Ronaldinho — Foto: Divulgação/Ministério Público do Paraguai
Entenda o caso de Ronaldinho no Paraguai
Ronaldinho e Assis chegaram na manhã de quarta-feira em Assunção para participarem de evento da ONG Fundação Fraternidade Angelical. Ambos também foram ao país a convite do empresário Nelson Belotti, dono de um cassino que tem o ex-jogador como embaixador. Os passaportes no desembarque chamaram a atenção das autoridades.
Os dois passaram a ser suspeitos por uso de documentos falsos, mas apenas horas depois, à noite, membros do Ministério do Interior e do MP locais fizeram uma operação de busca.
Segundo o MP, passaportes, carteiras de identidade e telefones de R10 e Assis foram apreendidos no Yacht y Golf Club. Segundo o ministro do Interior Euclides Acevedo, os dois ficariam sob custódia no hotel até a manhã da última quinta-feira, quando foram prestar depoimento.
Ronaldinho Gaucho, Assis e advogados conversam com o promotor Federico Delfino, à direita, em seu escritório, no Paraguai — Foto: EFE/EPA/Paraguay Public Prosecutor
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