Um ano se passou desde o desaparecimento do adolescente Davi da Silva, de 17 anos, até esta terça-feira (25) e o corpo do jovem que supostamente foi sequestrado, torturado e morto por policiais militares ainda não foi localizado.
A mãe dele, Maria José da Silva, que junto a familiares e à OAB em Alagoas entrava uma batalha pela elucidação do crime, fez hoje um questionamento às autoridades responsáveis pelo caso. Ela quer saber o quanto antes se o corpo masculino encontrado no bairro da Serraria, em Maceió, no dia oito deste mês, é ou não do filho.
Apresentada à possibilidade de um resultado negativo do exame de DNA após mais de doze meses de espera, a mulher rebate: “Se não for ele, onde é que ele está?”.
“Tem que saber se é o meu menino? Se por acaso ele ainda estiver vivo em algum canto, porque não bota pra fora? Porque estão prendendo? Não estão vendo meu apelo?”, declarou, ainda demonstrando esperança, durante entrevista ao TNH1, em sua casa, no conjunto Selma Bandeira, no bairro Benedito Bentes, periferia da Capital.
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Corpo não identificado
A entrevista foi convocada pela mãe de Davi e pelo primo, o professor universitário Magno Francisco. A família confirmou que só identificou o corpo achado na Serraria por meio de fotos mostradas em um tablet.
As imagens apresentavam apenas a parte inferior do corpo, da cintura para baixo, e só uma bermuda foi reconhecida pela mãe como uma das peças de roupa do filho que faltavam na casa. Há poucos dias, porém, Maria José foi informada sobre uma tatuagem presente no antebraço da pessoa encontrada na Serraria, que ela nunca vira no filho.
Com isso, a dúvida quanto à identificação continua e deve ser retirada com o exame de DNA, previsto para ser concluído no próximo mês pela Perícia Oficial de Alagoas.
“Com esse fato novo, abre-se um novo questionamento. Um ponto de interrogação. É uma ferida nova que se abre, especialmente para a minha tia, que vive um processo de sofrimento e penúria, sem dormir, se alimentando mal. Por isso, vamos aguardar o resultado definitivo”, afirma Magno Francisco.
Ação injustificada
Ele comentou o caso, classificando o crime como uma “ação do aparelho repressor do Estado”, para ele, injustificada. “O Davi era um jovem de excelente índole, tanto que no desaparecimento houve várias manifestações para cobrar o corpo. O relatório da polícia diz que foi ele torturado até a morte para confessar o envolvimento com o tráfico. Digamos que o Davi fosse um criminoso: não existe pena de morte no Brasil. A PM não tem o direito de julgar, nem de decidir quem deve viver e quem não deve viver”, declarou.
A família também aproveitou para cobrar a elucidação do caso e pedir celeridade à Justiça. “A polícia cumpriu o papel de investigar, mas daí em diante a Justiça tem apresentado morosidade em dar andamento ao caso. Já se passaram três semanas da denúncia do MP e a Justiça ainda não aceitou. Como é um jovem pobre, negro, da periferia, empurra-se com a barriga. Completa um ano de impunidade”, afirma o primo.
Fonte: Tudo Na Hora
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