Comemorado normalmente em casa com a família reunida, o Dia das Mães desperta uma ansiedade maior nas mulheres que cumprem pena no Presídio Feminino Santa Luzia, em Maceió. Como as visitas são esporádicas, a possibilidade de ter os filhos reunidos nesta data, mesmo dentro do presídio, atenua a rotina de isolamento.
A reportagem do G1 entrou na unidade penitenciária feminina para conversar com quem está nesta expectativa. São mulheres como Maria Aparecida Soares, de 53 anos. Presa há mais de dois anos por tráfico de drogas, ela lamenta ter que passar a data na cadeia.
Maria Aparecida afirma que sente muita saudade da família, principalmente em datas comemorativas como o Dias das Mães ou Dia das Crianças, quando ela costumava passar junto aos familiares.
Da vontade de voltar ao convívio familiar quando estiver em liberdade, fica o medo do que a aguarda depois de cumprir a pena. “Quero só cuidar dos filhos e do meu neto, mas tenho medo de como vai ser lá fora. Queria nascer de novo e não ter parado aqui [no presídio]. Tenho medo de que as pessoas me julguem e me olhem com preconceito”, desabafa.
Complexo Penintenciário de Maceió
(Foto: Lucas Leite/G1)
Enquanto aguarda liberdade, Maria Aparecida aproveita os poucos momentos em que tem a oportunidade de rever a família nas visitas ao presídio.
Neste Dia das Mães, a gerência do Sistema Prisional antecipou a visita familiar, que só aconteceria na semana seguinte, para que as mulheres do Santa Luzia pudesses celebrar a data.
“As socioeducandas já foram autorizadas a realizarem uma atividade interna com suas famílias, onde elas poderão decorar o ambiente com cartolinas, bolas de sopro, poderão comer bolo”, explica a gerente de Disciplina do local, Ana Paula.
A filha de Maria Aparecida quer aproveitar o momento com a mãe. Junielle Soares da Silva, 24, conta que sente um vazio com a falta desses momentos em família. “Normalmente, nos reuníamos como toda a família. Fazíamos um almoço e trocávamos presentes”, lembra.
Junielle diz ainda que tem um motivo especial para comemorar este Dia das Mães. É que ela deu à luz o primeiro filho, mas não vai conseguir entrar com o recém-nascido no presídio para apresentá-lo à nova vovó.
“Meu filho ainda não foi cadastrado para ir comigo, e por isso eu não vou poder ir. Mas vamos ligar para lá [presídio] para saber se eles autorizam a entrada do meu irmão, e assim, ela não passe a data sozinha”, lamenta a filha de Maria Aparecida.
Ela afirma ainda que está com muitas saudades da mãe e ansiosa para visitá-la, e imagina que ela também esteja ansiosa para conhecer o bebê, o seu primeiro neto.
Quem não puder receber a visita dos filhos, entretanto, não ficará sozinha. A gerente-geral do presídio Santa Luzia, Tatiana Costa Gonçalves, afirma que a organização do presídio realiza todos os anos uma atividade de interação entre as mulheres e as famílias das detentas.
As que não receberem visitas, podem se juntar a outras famílias. “No caso das mulheres que não recebem visitas, elas ficam livres para irem ao pátio e conversarem com a família das amigas e companheiras do presídio. Elas conversam e participam das atividades, independente da família comparecer ou não. É um momento de confraternização”, relata, Tatiana.
Fonte: G1
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