Um vídeo gravado dentro do Hospital Geral do Estado (HGE) por uma mãe que acompanhava o filho doente mostra o momento em que um médico chama a mulher de “porca”, em meio a uma discussão. O fato aconteceu no último domingo, dia 12, segundo Miriam Rafaela, que acompanhava o filho de 12 anos, diagnosticado no dia 9 de dezembro com pneumonia, após ela se desesperar ao ver sangue e larvas ao redor da sonda do filho.
A criança já havia sido atendida no HGE no dia 9, recebeu alta no dia 10, mas retornou para o HGE depois de ter febre alta e convulsão, no domingo. A mãe conta que por volta do meio-dia, o filho sentia muitas dores e foi medicado. Foi na hora de dar banho no filho e de trocar a sonda que Miriam percebeu que havia algo errado. “Eu senti um mal-cheiro na hora que levantei o lençol. A enfermeira veio me ajudar a forrar o bercinho e percebeu que estava sangrando no local da sonda. Eu disse que o cirurgião havia falado que era normal. Eu disse que era pra pegar gaze para limpar”, conta a mãe.
Foi nesse momento que Miriam percebeu “várias larvas” ao redor do local onde a sonda é colocada. “Foi quando eu comecei a me desesperar”, conta. Segundo ela, o médico cirurgião foi chamado nesse momento, mas teria dito para enfermeira limpar o ferimento de qualquer jeito, pois não tinha paciência para conversar com Miriam. “Foi quando comecei a gravar”.
“Deixe de ser histérica! Não seja porca! Isso aí é falta de limpeza!”, grita o médico em um trecho da gravação. “Porco é o senhor, chega na minha casa pra você ver como é”, responde Miriam. Ela continua: “Você não pode falar o que você não sabe! Eu estou aqui desde ontem perguntando, pedindo para você olhar meu filho (…) Não é desse jeito que você tem que falar comigo, porque eu não dou cachorra!”. Veja o vídeo:
Por meio de nota, assessoria de comunicação se refere apenas ao tratamento do filho de Miriam e não comenta a discussão e ao fato de o médico ter se referido a ela como “porca”. Veja a nota na íntegra:
O Hospital Geral do Estado (HGE) informa que o paciente J.W.D.B, 12 anos, encontra-se internado sob os cuidados da pediatria. Esclarece que a crianca foi admitida já com o quadro pelo qual vem recebendo tratamento, não sendo permitida a divulgação deste diagnóstico, como forma de preservar a integridade da criança.
Acrescenta que, a despeito das conversas diárias da equipe multidisciplinar, a mãe tem se mostrado insatisfeita com a velocidade da evolução clínica do paciente. Entretanto, a criança apresenta comorbidades prévias e congénitas associadas, que tornam o tratamento mais prolongado, mas, ainda assim, observa-se melhora clínica significativa no paciente.
Ressalta ainda que a comunicação tem sido um foco importante do tratamento, compartilhando o plano terapêutico junto da mãe, como forma de permitir que ela tome conhecimento da abordagem atual, bem como dos próximos passos.
Por fim, reforça que há um esforço constante em melhorar a comunicação, a assistência e a relação com o paciente e a família, de modo que nos colocamos sempre à disposição para esclarecimentos.
Já o Conselho Regional de Medicina (Cremal) orientou a mãe a formalizar uma denúncia no órgão para que seja feita uma apuração.
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