Um médico bem-sucedido profissionalmente, um militar com relevantes serviços prestados à corporação, uma idosa de 69 anos, eles nunca se viram, mas entraram para as estatísticas oficiais por tirarem a própria vida. São apenas alguns casos registrados nas últimas semanas em Alagoas.
Neste dia 10 de setembro, o governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, realiza um seminário para discutir políticas de prevenção ao suicídio. O evento é uma alusão ao Dia Mundial da Prevenção do Suicídio instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela Associação Internacional de Prevenção do Suicídio.
Os índices são alarmantes e são tratados como epidemia mundial. Segundo relatório divulgado na semana passada pela OMS, o Brasil é o quarto país latino-americano com o maior crescimento no número de suicídios entre 2000 e 2012, segundo o levantamento inédito.
A OMS estima que 800 mil pessoas se suicidam por ano em todo o planeta, uma pessoa a cada 40 segundos. Essa é a segunda maior causa de morte em pessoas entre 15 e 29 anos, enquanto que os mais de 70 anos são aqueles que mais frequentemente se tornam suicidas.
Os dados mundiais se refletem na realidade local. O Alagoas 24 horas teve acesso aos dados do maior hospital de urgência do Estado, o Hospital Geral do Estado (HGE), que contabiliza 1.365 casos de tentativa de suicídio de janeiro de 2010 a agosto de 2014. As estatísticas dizem respeito apenas aos casos atendidos na unidade de saúde, sendo assim ignoradas as vítimas que seguem diretamente para os Institutos Médico Legais do Estado.
O perfil encontrado é semelhante ao divulgado pela OMS, a maioria das vítimas tem entre 15 e 24 anos. Na prática, este mesmo grupo está também vulnerável à violência, a primeira causa de mortes entre jovens no Estado, estatística que alçou Alagoas ao top do ranking da violência.
Nos dados obtidos pela reportagem, o ano recordista foi 2013, com 413 registros, em 2010 foram 361; em 2011 foram 380; em 2012 foram 376 e até agosto deste ano de 2014 foram registrados 170 suicídios. Ainda segundo os dados compilados, entre as vítimas, a maioria (667) possui entre 15 e 24 anos.
Os dados ainda apontam outra realidade alarmante, as mulheres são maioria. No Brasil, chama a atenção o fato de o número de mulheres que tiraram a própria vida ter crescido mais (17, 80%) do que o número de homens (8,20%) no período de 12 anos.
A meta da OMS agora é tentar reduzir em até 10% a taxa mundial de suicídio até o ano de 2020. Para isso, orienta os países a oferecer a apoio sobretudo aqueles que já tentaram contra a própria vida. Para isso, aposta em reduzir o estigma social e tratar as desordens mentais, além de limitar o acesso de pessoas a armas de fogo e substâncias químicas letais. Em Alagoas, a maioria dos suicídios ocorre por ingestão de comprimidos ou venenos.
Para mudar os dados no país, o Ministério citou o plano de ação chamado “Estratégia de Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio”, que inclui 2.128 Centros de Atenção Psicossocial (CAPs) espalhados pelo Brasil para realizar assistência especializada, com capacidade para 43 milhões de atendimentos por ano.
Os dados do HGE traçam dados comparativos entre as tentativas de suicídio e não suicídio, como informava anteriormente a matéria.
Fonte: Alagoas 24 Horas
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