Com a avaliação positiva da reabertura gradual de alguns setores e a estabilização com tendência de queda nos indicadores da pandemia, a expectativa aumenta para que Maceió supere a fase laranja do distanciamento social controlado e avance à amarela nesta semana. As regras atuais ficam valendo até a próxima sexta-feira, dia 17 (pelo decreto municipal). Se a progressão for concretizada, grandes lojas do comércio, shoppings, galerias, bares e restaurantes (com 50% da capacidade), além do transporte intermunicipal e turístico (50%) serão autorizados a funcionar a partir do próximo fim de semana..
Como as medidas adotadas pelo governo acabam no dia 14 e, as da prefeitura, só três dias depois, um consenso pode ser estabelecido no sentido de permitir o avanço à fase amarela, na capital, a partir do dia 20 de julho (segunda-feira). A situação do interior – na fase vermelha – ainda depende da evolução do contágio e dos novos óbitos provocados pela covid-19. A passagem para a laranja está diretamente condicionada a estes fatores. Arapiraca tem o quadro mais crítico, embora já se pense na possibilidade dos números se estabilizarem.
Enquanto esperam a autorização, parte do setor produtivo segue as adaptações sanitárias na esperança de que possam retomar as atividades o quanto antes. Com queda no faturamento que ultrapassa 90% durante a quarentena, os shoppings de Alagoas estão fechados desde o primeiro decreto, no fim de março, e admitem que, se o impedimento for prorrogado mais uma vez, a quantidade de lojas e de funcionários desempregados vai aumentar.
Segundo o diretor comercial do Maceió Shoppping, Kaká Rodas, os centros de compras estão preparados para a retomada segura. “Adotamos um protocolo rígido, elaborado pelo Hospital Sírio Libanês, que é uma referência no Brasil, tem orientado muitos estabelecimentos e os resultados são bem satisfatórios. A nossa expectativa, com base nas reuniões que temos e a análise da pandemia na capital, é que possamos reabrir esta semana, com exceção do empreendimento de Arapiraca, que dependerá do avanço do interior para a fase amarela”, afirmou.
Representando os bares e restaurantes, a Abrasel/AL [Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Alagoas] fez um alerta de colapso do setor, no mês passado. Ao longo de mais de 100 dias parados, os estabelecimentos amargam 30% de demissões e muitos empresários anunciaram o fechamento definitivo (que pode alcançar 40% das empresas nos próximos meses). A entidade contabiliza cerca de 15 mil estabelecimentos de alimentação fora do lar.
“Entendemos que, agora, não é mais momento de protelar a abertura da economia, mas sim de unir todas as peças da sociedade e fazer acontecer uma retomada segura desde já. O ponto relevante dos protocolos de reabertura já deveria ser COMO fazer e não, QUANDO. Não aguentamos mais!”, destaca a nota publicada nas redes sociais.
Prevendo a hipótese de que podem voltar a funcionar, self-services associados à entidade divulgaram, esta semana, algumas regras que estão adotando para garantir maior segurança dos clientes. As mudanças adotadas vão desde o treinamento com toda a equipe, passando pela comunicação visual que estará ainda mais presente e visível, até as adequações das instalações.
Entre as normas para os restaurantes a quilo estão o oferecimento de luvas descartáveis de plástico ou, se não for possível, guardanapos de papel na entrada do buffets, para que os clientes se sirvam; colocação de recipiente com álcool em gel 70% na entrada do buffet; apresentação dos alimentos no buffet cobertos com protetores salivares com fechamentos laterais e frontal; disponibilização de talheres higienizados em embalagens individuais (ou talheres descartáveis), além de manter os pratos, copos e demais utensílios protegidos; marcações no chão das filas com a distância de 1 metro entre as pessoas; e oferta de temperos em saches.
Outra novidade, pelo menos que deve vir no decreto governamental, na nova etapa, é a ampliação para 50% da capacidade de lotação de templos, igrejas e demais instituições religiosas – isso na capital. Boa parte das denominações evangélicas retomou os cultos presenciais na fase laranja com várias restrições.
Além do protocolo sanitário previsto pelo governo, a Assembleia de Deus, por exemplo, autorizou cultos apenas de sexta a domingo, sem espaços para crianças. A Convenção Batista Alagoana orientou os pastores das congregações a estudar a melhor estratégia de reabertura, observando os números de casos de coronavírus por bairro. A Universal do Reino de Deus adotou regras de distanciamento social para receber os fiéis nas igrejas e os trabalhos foram restabelecidos na semana passada. Já a Igreja Católica ainda estuda os critérios para o retorno das missas.
AMBULANTES DA ORLA NÃO TÊM CAPITAL DE GIRO
Sem permissão para trabalhar desde o dia 20 de março, os ambulantes, pequenos comerciantes e prestadores de serviços da orla de Maceió dizem que estão no sufoco. O negócio depende, diretamente, do movimento nas praias, que, somente na semana passada, voltou a ser autorizado, mesmo assim com muitas restrições.
Erisvaldo Nascimento, conhecido como Seis Horas, trabalha na praia de Pajuçara há 11 anos com aluguel de cadeiras para os banhistas. Ele conta que só está se mantendo graças à solidariedade dos amigos. “A coisa não está fácil e a dificuldade é de todos que trabalham na praia. O nosso capital de giro acabou e eu não sei, sinceramente, como será o recomeço. Sabemos que a o isolamento foi necessário, a doença é grave, mas acreditamos em Deus que tudo isso vai passar o mais rápido possível e a gente possa reiniciar a nova era de uma forma mais confiante”, avalia.
Ele disse que, no início da quarentena, teve uma ideia que atenuou a grave crise. “Consegui manter a minha equipe com a iniciativa de locar a cadeira hoje para somente desfrutar depois. É muito pouco, claro, e não é suficiente, mas está dando para se virar, juntamente com as doações de cestas básicas que recebemos”, revelou.
Outro prestador de serviço, Ernande Ferreira Vieira confirmou o quadro crítico dos colegas de batente e informou que vai cobrar, do Governo do Estado e da Prefeitura de Maceió, uma ajuda financeira aos que trabalham na areia da praia. “Muitos não conseguiram o auxílio emergencial do Governo Federal e precisam se manter. Por isso, vou tentar marcar com o secretário estadual de Turismo para pedir uma ajuda de até 400 reais aos ambulantes da orla”.
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