A Polícia Civil realizou na tarde desta terça-feira (4) na sede da Deic (Divisão Especial de Investigação e Capturas, na Santa Amélia, uma entrevista coletiva para esclarecer o caso da garota de 12 anos que havia desaparecido do sítio onde mora no município de Jequiá da Praia, na tarde de sábado (1).
A menor, após ser vítima de estupro foi mantida em cativeiro em Murici e resgatada em operação com vários departamentos da PC. O suspeito, Luiz Fernando da Silva, de 42 anos, foi detido e passou por exame de corpo de delito no IML de onde deve ser encaminhado para o sistema prisional.
Luiz Fernando foi autuado em flagrante pelos crimes de extorsão mediante sequestro e estupro. A pena pode ser de 16 a 30 anos de reclusão.
A complicada história do caso foi explicada pelo diretor da Deic, o delegado Ronilson Medeiros.
Estupro e sequestro
Luiz Fernando levou a jovem J., que estava tirando palha de coco no sítio, para um canavial no povoado Poxim, em Coruripe, onde a estuprou diversas vezes enquanto a ameaçava com uma faca. Ele ficou com a garota no local até o dia seguinte, quando a levou para o município de Murici, onde apresentou a adolescente a seus familiares como sua esposa de 17 anos.
A partir de domingo (2) Luiz Fernando começou a manter contato telefônico com a família de J. exigindo que sua cunhada, a mãe da menor, entregasse para ele o ex-marido ou os outros dois filhos desta cunhada para poder liberar a jovem, que continuava sendo abusada sexualmente em Murici.
Quando estava no canavial, o suspeito estava em posse de sua motocicleta e se dirigiu a Murici com o veículo. Ele vendeu sua Shineray nesta terça e o dinheiro (quantia de R$ 990,00) ia ser usado em sua fuga. Dinheiro, dois celulares e a faca usada para ameaçar a garota foram apreendidos.
Luiz Fernando da Silva, de 42 anos (Foto: Polícia Civil de Alagoas)
Protesto e investigação
Familiares e amigos da jovem sequestrada realizaram na segunda-feira (3) uma manifestação com queima de pneus na rodovia AL-101 Sul, na região do Poxim, localidade em que reside o suspeito.
A Deic foi acionada durante a manifestação e conduziu para a Maceió a mãe da jovem e a tia, esposa do suspeito. O serviço de inteligência utilizou a estadia das familiares na capital alagoana para manter contato com o suspeito. Durante as ligações, Luiz Fernando declarava que entregaria a menina ou grávida ou morta.
Percebendo que a cunhada, que não sabia o paradeiro do ex-marido, também não entregaria os dois filhos, Luiz Fernando mudou a estratégia. “Exigiu que ela entregasse a documentação do ex-marido e a escritura da residência. A Deic acompanhou a entrega com a genitora da criança em Murici. A menina foi retirada da situação e ele tentou fugir. Resistiu à prisão, foi detido e conduzido à Deic para lavratura do flagrante”, declarou Ronilson Medeiros.
Motivação
Luiz Fernando é casado com a tia da menor sequestrada. Quando casaram, sua esposa já possuía uma filha de outro relacionamento, a garota identificada como D. tinha apenas seis meses de idade.
“O suspeito começou a ter relações sexuais com a enteada D. quando ela tinha dez anos de idade. Hoje essa menina tem dezessete anos. Com quinze anos, essa menina teve relação sexual com o padrasto da jovem sequestrada. A adolescente D. envolveu-se com um colega de escola e fugiu”, falou o diretor da Deic.
Em uma discussão entre o suspeito e sua esposa, a mulher relatou a Luiz Roberto que D. havia tido relacionamento com o ex-marido da cunhada. Tomado de um ciúme doentio, o suspeito queria se vingar do ex-concunhado e, não o encontrando, de seus dois filhos. Como não conseguiu, realizou o sequestro da jovem J.
A polícia não sabe o paradeiro da menina D. nem do concunhado do suspeito. O caso do abuso do concunhado à menor de 17 anos também deve virar inquérito de investigação da Polícia Civil.
Fonte: Tribuna Hoje
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