O Grupo Massa, do apresentador José Carlos Massa, mais conhecido como “Ratinho” estaria interessado em comprar as concessões e no arremate dos imóveis que pertencem a Organização Arnon de Mello (OAM), que tem como principal acionista o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (Pros). Informações de bastidores dão conta que Ratinho, que além de ser conhecido como apresentador do popular programa que leva seu nome no SBT, é considerado um exímio empresário, estaria sondando o que é preciso fazer para obter as concessões da TV Gazeta e as outras empresas da Organização.
O conglomerado de comunicação do Grupo Massa, que engloba cinco emissoras de Tv e 28 de rádio no Paraná, há poucos dias ampliou duas atividades para São Paulo, com a compra da emissora Estadão FM, por R$ 50 milhões. De acordo com uma matéria veiculada recentemente na imprensa paranaense, Ratinho comanda atualmente um número de funcionários bem maior do que seu patrão no SBT, Silvio Santos. Enquanto a rede de televisão paulista conta com dois mil funcionários, o apresentador de programa de apelo popular tem nada menos do que três mil funcionários em suas empresas.
O forte poder econômico e o interesse sobre os valores dos imóveis, fizeram com que a OAM tomasse a decisão desesperada de ingressar com um processo de recuperação judicial, no início da semana, que está sendo apreciado pela Justiça. A medida levou a suspensão do leilão dos prédios, que estava prevista para esta sexta-feira (30), em que a Justiça Federal poderia dar um desconto de até 40% no valor original.
A OAM já foi o conglomerado de comunicação mais forte de Alagoas. A TV Gazeta, que ainda é afiliada da TV Globo em Alagoas, junto com o jornal Gazeta de Alagoas, que por muitos anos foi o jornal de maior circulação no Estado, e as rádios AM e FM no interior e na Capital, já perderam esse título e vem perdendo paulatinamente a credibilidade.
Para quem conhece de perto a situação as empresas são hoje um barco furado, tanto que até mesmo o diretor-executivo da empresa, Luiz Amorim – o mesmo que é apontado como testa de ferro de Fernando Collor e responsável pela lavagem de dinheiro da propina da BR Distribuidora, conforme denúncia apresentada pela procuradora-geral da República Raquel Dodge – tentou dar um golpe na própria empresa. Amorim entrou com um pedido de acordo extrajudicial com a Gazeta para receber cerca de R$ 1,1 milhão em créditos trabalhistas. A Justiça do Trabalho indeferiu o acordo sob a alegação que as empresas do grupo OAM não estão honrando os acordos trabalhistas celebrados com os ex-funcionários demitidos em novembro de 2018.
A decisão se referiu aos quase 40 jornalistas da Gazeta de Alagoas, que já ajuizaram ações de execução por descumprimento dos acordos extrajudiciais. Os ex-funcionários foram desligados da empresa praticamente com uma mão na frente e outra atrás. Eles não receberam pelos dias trabalhados no mês e a grande maioria não tinha saldo de FGTS, apesar de o Fundo ser descontado todo mês na folha. Por conta disso, até mesmo para receber o Seguro-Desemprego, muitos tiveram dificuldades.
As demissões atingiram também a TV Gazeta. Apenas esta semana foram 17 demitidos na emissora, entre repórteres, apresentadores, produtores e cinegrafistas, parte deles já tinham sido demitidos ilegalmente após a greve dos jornalistas em junho e foram readmitidos por decisão judicial. As últimas demissões aconteceram na manhã de sexta (30) quando a sucursal de Arapiraca da TV encerrou as atividades. Dos cinco integrantes da equipe, Priscila Anacleto, Giovanni Luiz, Rubem Lopes e Jannison Umbelino foram desligados da empresa. Apenas o jornalista Tony Medeiros não foi demitido, por possui imunidade sindical, por integrar a direção do Sindicato dos Jornalistas de Alagoas. Mas, se ele quiser continuar na empresa, terá que aceitar a transferência para Maceió.
A situação dos funcionários da TV Gazeta que não estão na lista dos demitidos – que pode aumentar nas próximas semanas – só é melhor porque quem está sendo desligado da empresa não tem qualquer expectativa de receber as indenizações trabalhistas. Quem fica, no entanto, permanece na incerteza de até quando poderão suportar no barco furado, já que o clima nas redações desde o fim da greve é de assédio moral e as empresas estão começando a atrasar o pagamento dos salários.
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