A Polícia Militar cumpre, na manhã deste domingo (22), um mandado judicial de reintegração de posse no Edifício Humberto Santa Cruz, conhecido por ser a antiga sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), localizado no centro de Maceió.
Cerca de 50 policiais militares participam da ação. A PM informou que, para a reintegração de posse, foram mobilizados militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope), da Radiopatrulha, do Batalhão de Trânsito, do Regimento de Policiamento Montado (RPMon) e do CGCDHPC.
Moradores falam que, apesar de saberem da determinação judicial há algu tempo, foram pegos de surpresa. “Moro aqui há três anos porque não tenho casa para morar. Acordei com essa retirada e ainda não sei o que fazer nem para onde iremos. Aqui eu tenho meus dois filhos estudando perto e trabalho em uma feira no centro. Agora não sei como vai ser”, disse Elaine da Silva.
A secretaria de Assistência Social de Macei, Celiany Rocha, informou que a Secretaria está acompanhando o trabalho da polícia e que todas as pessoas vão passar por um cadastro único de acesso aos programas sociais. “Se a família não tiver para onde ir vai para o albergue, se tiver perfil para o aluguel social ela irá receber”, explicou.
Ainda de acordo com a secretária, apenas uma família buscou a assistência para realizar este cadastro. Animais que estavam no local foram retirados pelo Centro de Controle de Zoonozes de Maceió.
Também participam da reintegração de posse integrantes do Corpo de Bombeiros, do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), das secretarias Municipais de Saúde e Assistência Social, da Vigilância Sanitária, do Conselho Tutelar e da Eletrobrás.
O Centro de Zoonozes fez a retirada de animais que viviam no prédio. O médico veteriárioLindemar Machado disse que foram econtrados nove cães, oito gatos, uma galinha, dois galos e dois colelhos. “Os animais estavam com doenças de pele, verminose. Os cães e gatos serão levados para uma ONG de animais. O restante irá para a casa de parentes dos donos”, disse.
O major Henrique, da Polícia Militar, explicou que o cumprimento da decisão judicial começou por volta de 6h e que as famílias deixaram o local de forma pacífica. “As pessoas que ocupam o prédio já haviam sido avisadas e foram feitas várias reuniões com elas antes que isso acontecesse”, disse o militar.
Decisão judicial
A decisão judicial de despejo foi proferida pelo juiz federal da 5º Vara, José Donato de Araújo Neto. O prazo para que as famílias deixassem o prédio encerrou no dia 1º de setembro.Segundo a PM, das 79 famílias foram identificadas no primeiro contato, mas após um trabalho de conscientização, ficaram 20 ocupando o edifício.
A advogada da empresa Engemat, que adquiriu o imóvel, Adriana Alves, disse que o prédio foi arrematado em leilão no segundo semestre do ano passado. “A Justiça assegurou que o imóvel seria entregue sem ocupante. Aguardamos esse tempo todo para que a retirada fosse feita de forma pacífica e para que as famílias se preparassem”, explicou a advogada, ao dizer que prédio será para fins comerciais.
As famílias invadiram o local após a reintegração de posse do terreno em que viviam no conjunto Jardim Petrópolis, na Santa Lúcia em julho de 2013. A Secretaria Municipal de Habitação informou que já concluiu o cadastro das famílias que estão no local, e que as que se encaixavam nos critérios estabelecidos serão beneficiadas com uma moradia no Parque dos Caetés. Estão sendo construidas 2.976 moradias, mas o residencial ainda não foi entregue.
O o integrante do Movimento Via do Trabalho (MVT), Antônio Santos, conhecido como “Marrom”, disse que, até a última sexta-feira (20), 60 famílias estavam no imóvel. “Estávamos em uma negociação para que as famílias só saísem quando o residencial fosse entregue, mas isso não aconteceu. A prefeitura de Maceió, que está responsável pela entrega do residencial, deveria ver a situação dessas pessoas”, reclamou.
Familias tiveram que retirar todos os seus pertences do prédio (Foto: Carolina Sanches/G1)
Fonte: G1
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