Em meio ao fogo cruzado de decisões judiciais, a fiscalização eletrônica do trânsito da capital pelos chamados ‘pardais’ segue gerando polêmica, e, sobretudo, começa a moldar comportamentos preocupantes de quem está ao volante. Com os radares desligados, a SMTT contabilizou um aumento de 52,3% no número de acidentes em Maceió.
Apesar de a decisão da 17ª Vara Cível da Capital, que manteve a suspensão dos radares, tomar como base questões, em sua maioria, técnicas, na “guerra” do trânsito – que mata em média 47 mil pessoas por ano no país – acaba ganhando interpretações questionáveis e que vão muito além de criticar o “excesso de multas”.
Ponto Crítico: Ricardo Mota comenta retirada de pardais
Vídeos postados nessa segunda-feira, 14, em um perfil no Instagram, mesmo dia em que a imprensa divulgou a decisão que mantém os ‘pardais’ fora de operação, mostram um homem em uma avenida da capital comemorando o desligamento dos radares de uma forma um tanto efusiva e perigosa, com a legenda “A alegria de quando você descobre que todos os radares serão retirados da cidade”.
Um dos vídeos do ‘agradecimento’ teve mais de 50 mil visualizações e outros passaram a circular nas redes sociais com comentários que divergem entre críticas e mensagens de apoio.
Nas imagens, o empresário Kleverton Ferreti aparece no banco do carona, sem cinto de segurança, em alguns momentos ficando de pé, no carro com teto conversível, e agradecendo ao juiz autor da decisão. Ele brinca dizendo que o valor das multas que ele teria seria maior do que o valor do automóvel. “E agora que o juiz tirou todas as multas vamos surfar em comemoração. Valeu, juiz!”. Em tom de brincadeira ele completa: “Eu tinha mais multa do que o valor do meu carro. Quem souber do Instagram do juiz, avisa que ele tem um ano de Ferreti grátis”. O TNH1 manteve a identificação das pessoas nos vídeos, considerando que foram postados em redes sociais e já amplamente compartilhados em aplicativos de mensagens.
Veja as imagens.
EMPRESÁRIO DEFENDE MELHORIAS NO TRÂNSITO, MAS SEM PARDAIS
O TNH1 conversou com o empresário sobre as imagens. Apesar de muitos comentários nas postagens serem em tom de brincadeira, ele afirma que se trata de uma forma de agradecer, de fato, ao magistrado, pela retirada dos pardais, tese que ele defende. Ferreti, que também é policial militar e tem formação em direito, critica os pardais e sugere alternativas para, segundo ele, melhorar o trânsito da capital.
“Eu quis realmente mostrar alegria com a decisão do juiz, principalmente porque vai haver o ressarcimento das multas. Tinha muita gente contrária e revoltada com os pardais”, disse.
“Na minha opinião, os radares não são a forma correta para administrar o trânsito de Maceió. Quebra-molas, em determinados trechos, como na Avenida Amélia Rosa, por exemplo, evitariam mais acidentes comparados aos pardais”, teoriza.
A reportagem tentou entrar em contato com o juiz autor da decisão, Manoel Cavalcante, mas ele não atendeu às ligações.
Código de Trânsito Brasileiro (CTB)
O assessor técnico de trânsito, Vanderson Freitas, da Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) explicou à reportagem que o comportamento de todos os passageiros que ocupam um veículo é de responsabilidade total do motorista, independentemente se o carro for de propriedade ou não do condutor.
“Nesses casos, o motorista coloca em risco a vida de todos os ocupantes do veículo. É dele a palavra final de ordem para o bom comportamento dos passageiros dentro do carro. Para que seja computada a infração, o auto só pode ser lavrado mediante apenas imagens de videomonitoramento e flagrante feito por alguma equipe de fiscalização”, informou Freitas.
“Conforme o Código de Trânsito (CTB), a não utilização do cinto de segurança, tanto pelo condutor quanto pelos passageiros do veículo, constitui infração de natureza grave, como mostra o artigo 167 do documento. A multa é de R$ 195. “Já dirigir sem atenção ou sem os cuidados indispensáveis à segurança pode ser computado como infração leve, com três pontos na carteira e o pagamento de uma multa que pode chegar a R$ 195,23”, finalizou.
Fonte: TNH
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