Uma sucessão de fatores registrados durante o atendimento médico em unidades de saúde pública de Alagoas resultou, na madrugada desta terça-feira (14), na morte de uma menina de 4 anos que foi picada por um escorpião no bairro do Jacintinho, em Maceió. Segundo os parentes de Lara Kauane da Silva Santos, a demora e os embaraços gerados nas unidades de saúde durante o socorro da criança foram determinantes para óbito.
“Nunca imaginei que um dia iria precisar trocar a certidão de nascimento da minha filha que tanto amava por uma certidão de óbito. Isso aconteceu por negligência médica diante de profissionais que duvidaram da gravidade do problema e alegaram que não era possível achar uma vaga na UTI para uma menina de 4 anos”, expôs Roosevet Silva dos Santos ao lamentar chorando por não ter conseguido salvar a filha e alegar que vai buscar ajuda para que o caso que ele classifica como negligência seja apurado.
Segundo ele, Lara Kauane disse à mãe na manhã da segunda-feira (13) que havia sido mordida por uma barata. Ao apresentar febre e vômito, ela foi encaminhada pelos pais ao Mini Pronto Socorro do Jacitinho. “Ela já estava mal e o estado de saúde só piorava. Mesmo assim, a médica demorou a atendê-la e a liberar a ambulância para que Kauane fosse socorrida em outro lugar. Quando a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou só havia motorista e nenhum paramédico”, contou Roosevet.
Com estado de saúde já bastante agravado a menina foi levada ao Hospital Hélvio Auto, onde foi constatado que o problema estava sendo provocado por veneno de escorpião. “Como a equipe médica avaliou que o veneno estava muito espalhado, recomendou que ela fosse para o Hospital Geral do Estado (HGE). Lá, depois de muita negociação, Lara foi entubada e sedada, mas não resistiu a duas paradas cardíacas e acabou morrendo”, relatou o pai da criança ao revelar que o atendimento médico foi negligente e conturbado em todas as unidades de socorro que a família passou.
Lara Kauane foi enterrada na manhã desta terça-feira (14) no cemitério público São José, em Maceió. Já a mãe, Aline Rafaela, entrou em choque devido à perda da filha e precisou ser internada.
Secretaria de Estado da Saúde
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) se pronuciou, por meio de nota oficial à imprensa, informando que a paciente recebeu todos os cuidados necessários.
Veja a nota na íntegra
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informa que a paciente L.k.A.S. vítima de uma picada de escorpião, recebeu atendimento médico adequado no Ambulatório 24 Horas João Fireman, no bairro Jacintinho. Esclarece que a paciente deu entrada na unidade às 10h15 do dia 13 de janeiro de 2014, apresentado náuseas e vômito, conforme descrição da Ficha de Atendimento Ambulatorial.
Após ser examinada por uma médica pediatra que se encontrava de plantão, a paciente foi medicada, estabilizada e encaminhada até o Hospital Escola Hélvio Auto (HEHA), que é especializado para o atendimento a vítimas de escorpião. A Sesau ressalta que a paciente foi transferida por uma Ambulância Cidadã, sob a supervisão de uma técnica de enfermagem, e não em uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
No HEHA, a paciente recebeu atendimento médico especializado e o soro antiescorpiônico, que é uma solução injetável de imunoglobulinas específicas purificadas e concentradas. Como o quadro clínico da paciente se agravou, ela foi encaminhada para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi entubada, mas, evoluiu para óbito, mesmo recebendo todos os cuidados necessários.
Fonte: G1
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