A atitude de uma professora de Artes, do quadro efetivo da rede estadual de ensino, tem causado burburinho na Escola Eunice de Lemos Campos, no Benedito Bentes 1, e ganhou visibilidade nas redes sociais. Recém-concursada, a professora Luana Macena de Melo está nesse colégio há pouco mais de um ano, resolveu não aderir à greve da categoria e cumprir o calendário escolar até o fim do ano.
Depois de encontrar a escola fechada nas quatro vezes que tentou dar aula, a professora decidiu montar a estrutura de sua disciplina no pátio externo. O conteúdo foi exposto aos alunos debaixo de uma árvore, com Luana caracterizada de ninfa grega.
Apesar da maneira pouco casual de agir, a educadora garante que não tem a intenção de se expor.
Seu maior objetivo, garante, é manter a rotina nas aulas, sem prejudicar o direito de aprendizado, resguardado aos estudantes. “Eu escolhi ser professora, apesar do salário vergonhoso. Não tenho o direito de prejudicar quem não tem culpa de nada disso, os alunos, que, em sua maioria, ainda nem votam”, afirmou.
Ela revela que três aulas já foram ministradas na área externa da escola (nos dias 29 de julho, 4 e 10 de agosto). No dia 12, ela chegou a aplicar provas normalmente ali mesmo. Luana garante que ninguém apareceu da direção para abrir os cadeados da escola. “Adaptei um transformador de bateria de carro e levei o meu próprio projetor para ministrar as aulas. Como professora de artes, é normal me vestir de personagens para expor melhor o conteúdo”, justifica a professora.
A maioria dos estudantes critica a greve e defende a postura da professora. “Minha professora de Artes, diga-se de passagem, foi a única que não aderiu a greve. Como prometido, levou seus materiais e deu sua aula embaixo da árvore . Obrigado por estar pensando em nós alunos e ter essa coragem de enfrentar tudo e todos para nos ensinar (sic)”, escreveu Elisa Mendonça, uma das alunas, nas redes sociais.
A educadora afirma que esteve na última terça-feira, na Secretaria de Estado da Educação (SEE), e protocolou um ofício cobrando a abertura da escola para que as aulas dela fossem dadas. Ela diz ter sido recebida pessoalmente pelo próprio secretário Luciano Barbosa. “Ele ficou surpreso por eu estar agindo desta maneira e ser do quadro efetivo. Prometeu tomar providências”, conta. Ela não é sindicalizada e assegura que não tem pretensões políticas.
O diretor da escola Eunice Campos, Maurício Soares Gonçalves, diz que a atitude da professora, apesar de isolada, tem causado um mal-estar. “Ela tem se posicionado contra a direção, mas não temos porteiro, merendeira e nem pessoal da limpeza. O caso foi comunicado à Secretaria de Educação, que deve se resolver”, comenta.
Já os alunos denunciaram a direção na SEE, reclamando de perseguição e negligência por parte dos monitores. A assessoria de comunicação do órgão, embora contatada, ainda não se pronunciou sobre o assunto.
Gazetaweb
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