Antiga melancolia ou depressão é um dos piores males que afligem a sociedade hoje em dia. Considerada como a “doença do século”, ela invade lares, ambientes de trabalho e locais de lazer, transformando a vida dos indivíduos e de quem os rodeia, como familiares, amigos e colegas de profissão. E, em Alagoas, os recentes registros de casos de suicídio acenderam o sinal de alerta para o tratamento da depressão, a principal causa destas mortes.
E o preconceito não poderia ficar de fora quando a doença se manifesta de forma externa, o que piora o transtorno mental, podendo levar a pessoa ao suicídio, única alternativa que lhe resta para “acabar” com todos os problemas do dia a dia.
A psicóloga Samia Lopes da Silva comentou acerca das causas da doença mental crônica e recorrente caracterizada pelo humor depressivo associado a vários sintomas. Segundo a especialista, o transtorno atinge crianças, adolescentes, adultos e idosos em qualquer faixa etária, com maior incidência em mulheres, tendo em vista fatores hormonais e o período fértil. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que mais de 350 milhões de pessoas sofrem de algum tipo de depressão e, no Brasil, a realidade ainda é mais gritante: um em cada 10 indivíduos é acometido pela doença.
“Não há uma causa específica, mas podemos considerar o estresse ou algum evento traumático, como perda de um ente querido, desemprego, problemas financeiros e conjugais. Estes podem desencadear uma depressão, além dos próprios fatores genéticos”, explica Samia.
E os sintomas são vários, conforme detalha a psicóloga: desânimo, desesperança, tristeza profunda, pensamentos negativos de suicídio ou de matar alguém, distúrbios do sono e do apetite, isolamento, perda ou diminuição da libido, anedonia (falta de prazer), baixa autoestima, sentimentos de culpa, angústia, azia, diarreia, dor de cabeça, dor no peito e em todo o corpo.
A psicóloga também cita os tipos de depressão: leve, moderado e grave. O primeiro pode ser tratado com terapia, o que visa diminuir ou eliminar os sintomas; o segundo, com medicação aliada à terapia, e o tipo grave, medicamentos psicoterápicos para toda a vida, junto a psiquiatras, além da própria terapia com o psicólogo, fundamentando-se na história de vida do paciente.
Samia também traça diferenças entre tristeza e depressão. Conforme a psicóloga, um ser humano que se apresenta triste tem um motivo e o sentimento não dura mais que dois dias; já a depressão se revela em uma tristeza profunda sem motivos, com duração de mais de duas semanas, apresentando de quatro a cinco sintomas.
PREVENÇÃO E PRECONCEITO
Buscar qualidade de vida com hábitos saudáveis somados a exercícios físicos ajudam, consideravelmente, a prevenir a depressão. “Se a pessoa perceber um desânimo contínuo e sem motivo aparente, deve procurar um psicoterapeuta. A prevenção, também, pode se dar com o psicólogo. Qualquer pessoa que apresentar estes sintomas precisa recorrer à ajuda necessária para que não venha a desenvolver a depressão, doença como todas as outras e que têm tratamento, medicação e profissionais para dar todo o suporte”, ressalta a psicóloga.
O preconceito também é observado quando a depressão se manifesta de forma externa. O indívíduo, portanto, depara-se com piadas de mal gosto, o que o leva a desenvolver outros sintomas da crise profunda. A psicóloga, por sua vez, faz uma ressalva ao citar o próprio preconceito desenvolvido pelo indivíduo que não quer procurar ajuda.
SUICÍDIO
E o que leva uma pessoa ao suicídio? A população alagoana tem acompanhado, nos últimos dias, casos de indívíduos que tiraram a própria vida, a exemplo de um estudante que pulou do 10º andar de um prédio na Ponta Verde e de um garoto de 14 anos que se jogou da janela de seu apartamento no bairro do Farol. “A depressão é o principal fator de suicídio. Devemos levar em conta a história de vida do paciente, aquele que não sabe lidar com os conflitos e dificuldades do dia a dia e que está com uma angústia profunda, que se fecha e não vê saída, a não ser tirar a própria vida, achando que vai resolver todos os problemas”, destaca a psicóloga.
Gazeta Web
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