O resultado do teste de DNA para identificar se o corpo encontrado em um matagal no Conjunto José Tenório é do jovem Davi da Silva, 17 anos, desaparecido no dia 25 de agosto de 2014 após uma abordagem policial no bairro do Benedito Bentes, deve ser divulgado em até duas semanas. O prazo é da Perícia Oficial do Estado que realiza o exame e também um laudo completar.
O corpo encontrado após denúncia anônima estava em avançado estado de decomposição, enrolado em um saco plástico, ao lado de uma corda. Paralelamente ao achado do cadáver e sua identificação, Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP) procura localizar o primo da vítima, o professor Magno Francisco, que afirma ter recebido ameaças de morte devido às suas cobranças por justiça para elucidação do caso.
De acordo com a Perícia Oficial, o resultado do exame deveria sair no prazo de 10 dias úteis a contar da data em que foi feita a coleta do material genético da mãe, no entanto, a perita criminal Rosana Coutinho solicitou uma prorrogação de 30 dias para conclusão do laudo. A previsão é que no dia 13 de outubro esse resultado seja divulgado.
A análise genética será realizada em Alagoas pela própria perita criminal, nos mesmos moldes do teste de DNA feito para identificar um corpo encontrado sem documentação em Arapiraca.
À espera do bem ou do mal
Angustiada com a espera do resultado, a mãe do jovem relata sua preocupação com as ameaças, mas garante não perder a esperança de ver a justiça feita sobre o desaparecimento do seu filho. Maria da Silva afirma sofrer com a demora e a incerteza de saber se seu filho realmente está vivo.
“Todos os dias é uma angústia e muito sofrimento porque eu não sei o que aconteceu com meu filho. Fico aguardando esse resultado, mas se não for ele, onde será que ele está. Tenho a esperança de encontrar meu filho com vida”, desabafou a dona de casa.
Segundo a dona de casa, há mais de um ano que ela espera uma notícia para o bem ou mal. O seu desejo mesmo era que o filho estivesse vivo. Depois que sofreu um atentado a bala no local onde trabalha como autônoma, Maria vive apenas as suas rotinas de casa junta com a filha e uma neta.
Ela afirma que não foi mais chamada para prestar qualquer esclarecimento nem informada sobre o prazo para entrega do resultado. “Todos os dias pego nas fotos dele e peço que ele volte para mim. Fico cheirando as roupas dele como se fosse sentir ele”, disse a mãe do jovem.
Convivendo com a dar, Maria da Silva relata que nunca desistirá de lutar por Justiça, mesmo que os acusados não cheguem a assumir a autoria do crime. “Se foram eles mesmos, eu só queria que eles dissessem o que fizeram com meu filho. Ele não merecia uma coisa dessa. Esse corpo foi dele, eu só peço a Deus para preparar meu coração, pois será um sofrimento”, lamentou ela.
A denúncia contra os militares acusados no sequestro do jovem foi formulada no mês passado pelo Ministério Público Estadual (MPE). Foram responsáveis pela denúncia os promotores Thiago Chacon Delgado e Dalva V. Tenório e o procurador-geral de Justiça Sérgio Jucá. Os membros do MP concluíram que Eudecir Gomes, Carlos Eduardo Ferreira, Vitor Rafael Martins e Nayara Andrade, todos soldados do Batalhão da Radiopatrulha, são responsáveis pelo crime. |GC
Primo de Davi denuncia ameaças, evita contato com autoridades e teme voltar a AL
(Foto de Magno Francisco com presidente do Conselho de Direitos Humanos da OAB)
O primo de Davi da Silva, o professor Magno Francisco, encontra-se fora do estado após tomar conhecimento do plano para assassiná-lo. Francisco gravou um vídeo dizendo que ficou sabendo através de uma fonte ligada à Segurança Pública que seria assassinado pelo “grupo de extermínio”.
Segundo ele, as ameaças estão sendo realizadas devido ao desaparecimento de jovem ganhar ampla repercussão na sociedade e a família vem cobrando punição para os acusados. “Existe um plano do grupo de extermínio da polícia comprometido em tirar a minha vida. Então, eu estou fazendo esse vídeo aqui para que a sociedade fique sabendo”, afirmou ele em trecho do vídeo.
Por telefone, o professor conversou com a reportagem do CadaMinuto Press e disse ter medo retornar ao estado devido às ameaças. “Há algum tempo comecei a perceber pessoas me seguindo e também frequentando os mesmos locais onde estava, principalmente próximo de minha residência. Por iniciativa própria decidir sair do estado e levar essas denúncias a Comissão Nacional dos Direitos Humanos”, afirmou ele.
Apesar de receber essas ameaças, ele não buscou proteção nos órgãos de segurança do Estado de Alagoas. Ao ser indagado sobre o fato Francisco explicou que “não procurei diretamente, pois tive que sair imediatamente de Alagoas”.
Sobre o teste de DNA no corpo encontrado, o professor disse aguarda o resultado junto com a tia, mas faz uma ressalva. “Se não for o corpo do Davi será o corpo de uma outra pessoa, que pode ter entrado por essa mesma estatística. Espero que esse resultado saia logo, pois é preciso fazer Justiça em Alagoas e não permitir que casos como esse voltem a acontecer”. |GC
“Não admitiremos é que seja feita qualquer forma de politicagem”
O Secretário de Segurança Pública de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça, afirmou que tentou pessoalmente manter contatos com Magno Francisco para tomar conhecer sobre o conteúdo das ameaças apresentadas por ele no vídeo, assim como a promotora Marluce Falcão, Coordenadora do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos do Ministério Público Estadual, a Delegacia Geral da Polícia Civil vêm tentando localiza-lo para auxiliar na ajuda.
“Tentei pessoalmente, mas não obteve sucesso. Ele manteve contato com a minha assessoria através do Facebook. Nós da Segurança Pública estamos à disposição para garantir a vida dele e levar até as últimas vias de apuração tudo que for apresentado, evidentemente com toda responsabilidade da Segurança Pública. Nós não conhecemos o conteúdo dessas ameaças, que assim como ele, qualquer outro cidadão, vamos deixar isso bem claro, terá a nossa atenção. Quero deixa claro que tudo que a Segurança Pública sabe sobre ele e as ameaças foi somente por meio da imprensa. A segurança vive um momento de credibilidade, se ele necessitar do nosso auxílio, a Segurança Pública não faltará assim como ele ou qualquer cidadão de Alagoas, o que nós não admitiremos é que seja feita qualquer forma de politicagem”, colocou Alfredo Gaspar.
Em contato com a nossa reportagem, Francisco confirmou que avalia se poderá participar ou de um encontro com o Secretário Alfredo Gaspar de Mendonça por medidas de segurança. A promotora Marluce Falcão ressaltou que foram adotadas algumas medidas, mas depende dele se manifestar sobre os fatos para adotar providencias na esfera preventiva, como a inclusão do professor em um programa de proteção.
A reportagem procurou também o coordenador da Delegacia de Homicídios, José Carlos para saber sobre as investigações das denúncias. José Carlos esclareceu que não é competência da Delegacia de Homicídio instaurar qualquer tipo de investigação sobre o caso, mas afirmou que ao tomar conhecimento levou as declarações feitas ao diretor geral da Polícia Civil ressaltando a importância de elucidações, uma vez que se trata de um caso delicado.
“Logo de imediato que tomamos conhecimento daquele vídeo tentamos entrar em contato com ele através de dois números telefônicos que conseguimos, mas os números estavam fora de área e soubemos que ele está fora do estado. A Polícia tentou localizar ele para ouvi-lo para saber a real gravidade da situação e sabemos de qual forma poderíamos ajudar”, completou o delegado de homicídio.
A delegada geral adjunta da PC, Luci Mônica, afirmou que a instituição está abertamente pronta auxiliar o professor nas investigações. O advogado de defesa dos quatro militares, Leonardo Morais, negou qualquer tipo de ameaça oriunda os acusados. “Isso não corresponde à verdade. Jamais lançaram qualquer tipo de ameaça seja direta ou indireta a qualquer membro da família do Davi ou outro jovem”, disse Morais.
O advogado disse que para evitar qualquer situação nessas circunstâncias, os militares foram afastados das atividades nas ruas. Moraes revelou que uma reunião foi agendada com as instituições de segurança para tratar sobre o vídeo e o conteúdo publicado. |GC
Fonte: Cada Minuto
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