Em cinco anos, foram mais de 200 nascentes recuperadas em diversos pontos do Estado de Alagoas e cerca de 15 mil famílias beneficiadas. Esses são os resultados do projeto de Recuperação das Nascentes desenvolvido pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria do Meio Ambiente dos Recursos Hídricos (Semarh). O anúncio foi feito pelo gerente técnico operacional da Semarh, Adolfo Barbosa, em entrevista ao programa Ministério do Povo, da Gazeta AM.
“Tem sido uma parceria importante entre o governo, as prefeituras dos municípios participantes e a sociedade civil. Procuramos atuar em lugares em que os órgãos não conseguem chegar para realizar o abastecimento de água necessário, são situações de uma carência enorme. Em virtude desse aspecto temos dado uma atenção especial às comunidades da Zona Rural de Alagoas, que em sua maioria não contam com água de qualidade para a sua subsistência”, destaca.
Seguindo esse princípio, apenas na região do Semiárido alagoano, 85 nascentes já foram recuperadas. O município de Maravilha, por exemplo, conseguiu atingir uma oferta de 10.800 litros a cada quatro horas, o que significa um abastecimento expressivo de água para a população.
“O Brasil é um país agrícola, temos uma cultura muito forte de desmatar para produzir, sem pensar que é justamente a preservação dos recursos que ampliam essas possibilidades. Estamos trabalhando para mudar aos poucos essa conotação. Apesar de todas as dificuldades, o Governo de Alagoas se mostrou muito atencioso com o programa, que teve um crescimento bem mais expressivo neste ano”, afirma Adolfo Barbosa.
Nesse contexto, ainda de acordo com o gerente, os cuidados com a preservação do recurso hídrico tem se tornado um grande desafio, na medida em que a ação humana de práticas não agronômicas de conservacionismo e desmatamento aliada ao próprio crescimento desordenado das regiões tem interferido para o desaparecimento e inviabilização das nascentes. É em contrapartida a essa realidade, que o programa de recuperação vem investindo na disseminação de uma forte cultura sócio-ambiental entre a população.
“O nosso objetivo é cultuar o comportamento ambiental consciente das pessoas por meio de um projeto simples, mas atuante. Elas precisam entender a importância de construírem, preservarem e conservarem as nascentes, porque elas serão fonte de renda e de uso doméstico para as comunidades”, explica Barbosa.
Além de trabalhar com os aspectos de conscientização social e educação ambiental junto à população, o projeto tem proporcionado, inclusive, melhorias na área da saúde. Depois de aplicar os princípios e técnicas necessárias à recuperação das nascentes, as equipes de operação conseguem viabilizar um isolamento da região e criar reservatórios de água para que, com o seu armazenamento adequado, sejam minimizadas doenças vinculadas à água, como diarreia, cólera e desinteria.
Processo de recuperação
Com forte potencial de abastecimento nos municípios beneficiados, as nascentes se caracterizam pelo aparecimento, na superfície dos terrenos, de um lençol subterrâneo.
De acordo com Adolfo Barbosa, elas podem ser classificadas em dois tipos: as nascentes que surgem das encostas – que estornam verticalmente – e as nascentes de baixio, mais difíceis de operacionalizar por serem muito difusas. Em Alagoas, elas apresentam uma inclinação mais acentuada, o que permite o uso do mecanismo de recuperação conhecido como gravidade.
“Por meio desta técnica, nós conseguimos fazer as nascentes recuperadas irem para um lugar seguro. Desta forma, evitamos o processo de assoreamento, que é muito comum diante das intervenções do homem na natureza”, afirma o gerente.
Mesmo sendo um recurso de acesso a toda a população conforme determinado pela constituição, as nascentes se encontrem, sobretudo, em terrenos privados. Nesses casos, o que acontece é um acordo entre as partes de forma que as comunidades não sejam socialmente desestabilizadas. Adolfo Barbosa garante que o programa tem encontrado parcimônia de todas as comunidades, permitindo a viabilização continua das atividades.
“Essa é uma parceria que está dando muito certo. Daqui em diante, eu acredito que o projeto não para mais. Ele tem condições até de futuramente caminhar de forma autônoma pelos governos municipais, já que se trata de um programa barato, artesanal, que se utiliza de tecnologias simples. O grande desafio é continuar trabalhando para a conscientização ambiental da população e fortalecer esse espírito de sustentabilidade que estamos consolidando”, ressalta.
Agência Alagoas
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